MOC recebe certificação de Boas Práticas Territoriais durante o Bahia Rural Contemporânea

03/12/2016
MOC recebe certificação de Boas Práticas Territoriais durante o Bahia Rural Contemporânea

“Comunicar e Denunciar: Campanha de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do Território do Sisal” foi a proposta defendida pelo MOC e certificada nessa sexta-feira (02), entre as 12 finalistas melhores pontuadas, selecionadas por edital público dentre as 51 propostas inscritas de experiências de Boas Práticas Territoriais bem-sucedidas da Bahia.

As 12 propostas certificadas foram avaliadas nos últimos dias 30 de novembro e 1° de dezembro por oito técnicos da SDR que se reversaram em duplas para contemplar a avaliação de todas as apresentações feitas pelas entidades finalistas.

As premiadas foram a “Rede de Associações e Cooperativas de Produção, Serviço e Comercialização para o Desenvolvimento Territorial, do Território do Sisal”, defendida pela Arco Sertão Bahia, entidade assessorada pelo MOC, a “Juventude em Rede- Formação de Juventude no Território”, do Piemonte da Diamantina e “As Mulheres do Umbu”, do Médio Rio de Contas e receberão um prêmio de até R$ 30 mil, por meio de convênios com a CAR, para investimento nos projetos apresentados. Ainda na primeira etapa de seleção, dentre as 51 inscritas, foram escolhidas 30 experiências, dentre elas o MOC, a Arco Sertão e a Rede de Produtoras da Bahia, que irão compor uma publicação que será disponibilizada por meio impresso e digital.

A presidente da Rede, Eleneide Alves Cordeiro, confessa sua emoção com o resultado. “A minha emoção é enorme. Só de saber que a gente conseguiu esse prêmio que vai beneficiar várias famílias com o projeto que vamos fazer , isso não tem preço. Isso é consequencia de um trabalho dentro da Rede Arco Sertão e vai durar muitos e muitos anos pelo trabalho que fazemos na organização a qual fazemos parte”, ressaltou.

“Muito feliz pela premiação da Arco Sertão que conta aí com o MOC que nesse período vem dando assessoria, e ao nosso trabalho enquanto MOC que também fomos premiados. Premiados pela experiência inovadora que fica no Território do Sisal e que já está sendo reaplicada em novos Territórios”, declarou Gisleide do Carmo, coordenadora no MOC do Programa de Fortalecimento aos Empreendimentos Econômicos Solidários (PFEES).

A premiação foi uma iniciativa da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), Superintendência de Políticas Territoriais e Reforma Agrária (Sutrag) e Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater). O evento foi realizado durante o 1º Salão dos Territórios de Identidade da Bahia, que acontece no âmbito do Bahia Rural Contemporânea, que ocorre em paralelo à 29ª FENAGRO, no Parque de Exposições de Salvador, até este domingo (04).

O secretário da SDR, Jerônimo Rodrigues, destacou a qualidade das experiências apresentadas pelos territórios e parabenizou a todas as boas práticas inscritas no edital e também aos responsáveis pela iniciativa. "A nossa intenção é valorizar a cada uma das entidades e divulgar as ações daquelas que tenham responsabilidade com segmentos como a agricultura familiar, reforma agrária, mulheres e jovens rurais.

A experiência do MOC
A proposta “Comunicar e Denunciar: Campanha de Enfrentamento a violência Contra as Mulheres no Território do Sisal” defendida no local pelas técnicas do MOC, Vandalva Oliveira, Selma Glória e Maria José Esteves, surgiu a partir da Campanha Institucional “Quebre o silêncio! Sua atitude salva vidas: Denuncie toda e qualquer forma de violência contra as mulheres” que foi lançada oficialmente pelo MOC em 2015, com apoio da Actionaid.

As técnicas apresentaram aos ouvintes e aos avaliadores vários motivos que levaram à Campanha, dentre eles o fato de que a violência contra as mulheres no Território do Sisal torna-se mais preocupante já que nessa área são limitados e/ou inexistentes os equipamentos de proteção às mulheres (Delegacia Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM), Casa Abrigo, Centro de Referência da Mulher, Vara de Violência). Outro motivo bastante significante está o fato de que esta desigualdade de gênero e violência já se tornou um dos graves problemas sociais a exemplo do apresentado no Estado da Bahia que continua com índices bastante elevados apresentando registro de quase 10 mil casos de violência contra a mulher somente no primeiro trimestre de 2016, segundo dados divulgados pela SSP-BA.

Trata-se de uma Campanha de prevenção e enfrentamento a violência contra as mulheres, desenvolvida prioritariamente no Território do Sisal, mas que ultrapassou muros territoriais numa interface entre o Programa de Gênero e o Programa de Comunicação. A Campanha buscou difundir conhecimentos, mobilizar e sensibilizar a população para essa prevenção e enfrentamento, através de meios de comunicação comunitária, redes sociais e ações diretas com a população, organizações sociais e o poder público.

Para tal constituiu comissões territoriais e municipais envolvendo diversos seguimentos sociais e poder público para criar as estratégias de abordagem com a população, realizou rodas de conversas nos municípios e comunidades rurais sobre a Lei Maria da Penha e os mecanismos de prevenção, além de ações municipais, debates nas escolas, campanha do laço branco com os homens, passeatas e vigílias pelas ruas da cidade, entrevistas nas rádios comunitárias e diversas mídias, culminando numa audiência pública territorial em Conceição do Coité, para debate a apresentação de um documento com as principais demandas das mulheres.

A Comunicação Comunitária foi considerada uma estratégia eficiente para romper o silêncio e disseminar a Campanha nos municípios do Território do Sisal, o que aconteceu também e de forma espontânea em municípios de outros Territórios. Os avaliadores concordaram que foram essenciais na disseminação da Campanha o movimento de radiodifusão comunitária, as experiências de trabalho em rede no campo da comunicação, parceria com a rede de comunicadores/as comunitários/as, inclusive formação política com esses profissionais abordando temas como violência de gênero e mulher na mídia, além da elaboração de diversas peças de comunicação e matérias jornalisticas disseminadas nos veículos de comunicação de massa, sites, redes sociais, com destaque para as rádios comunitárias. 

Outras estratégias utilizadas e que impressionou o público foi a divulgação da Campanha em carros de som e em sistemas de alto falante, conhecidas também como “rádio poste” que permite o acesso a informações nas comunidades rurais com pautas produzidas por crianças e adolescentes da escola local.

“Uma apresentação como a que fizemos aqui foi mais uma oportunidade de dar maior visibilidade às nossas ações enquanto MOC, mas nossa maior premiação consiste em saber que a Campanha vem de fato rompendo o silêncio de mulheres que não mais se permitem serem violentadas física ou psicologicamente”, declara Maria José Esteves.