MOC realiza a II Caravana da Juventude Agroecológica

28/03/2018
MOC realiza a II Caravana da Juventude Agroecológica

“É hora de transformar o que não dá mais
Sozinho, isolado, ninguém é capaz
Não é possível crer que tudo é fácil

Há muita força que produz a morte
gerando dor, tristeza e desolação
É necessário unir o cordão
Por isso vem
Entra na roda com a gente também
Você é muito importante”.


A canção, Momento Novo, expressou as 110 vozes presentes unindo força, pensamentos, propósitos e determinação simbolizando uma juventude que busca pela sua valorização nos espaços de incidência, mobilização e na luta por seus direitos.

E foi assim a
II Caravana da Juventude Agroecológica.

Movimento de Organização Comunitária - MOC, através do Programa de Água Produção de Alimentos e Agroecologia (PAPPA), realizou nos dias 27 e 28 de março de 2018, a II Caravana da Juventude Agroecológica, que aconteceu na Mansão Pai Bico, no município de Conceição do Coité.


O Objetivo da Caravana foi promover a troca de experiência de forma dinâmica entre os jovens visando a reflexão sobre o protagonismo da Juventude para a permanência no campo e para a transição agroecológica, além de debater acerca da melhoria das condições de vida para a permanência no campo.

Cerca de 110 jovens dos municípios de Ipirá, Serra Preta, Pé de Serra, Riachão do Jacuípe, Santaluz, Conceição do Coité, Retirolândia, Araci, Ichu e Serrinha participaram nos dois dias de atividade, além da equipe técnica do MOC, demais entidades como a Escola Família Agrícola (EFA) de Monte Santo, Centro Tecnológico de Educação Profissional dos municípios de Riachão do Jacuípe, Santaluz e Conceição do Coité. Representantes dos sindicatos de Pé de serra, Serra Preta, Araci, Conceição do Coité e Retirolândia.

A Rodada de Debate

Mediante a programação a caravana iniciou com mística representativa das ações agroecológicas e abriu a rodada de debate com a temática: experiências e os caminhos  das organizações e dos sujeitos para protagonismo juvenil. O debate aconteceu com a participação de Givaldo Souza,
educador social da cooperativa de crédito Ascoob Itapicuru; Gildo José, representou a Comissão de Jovens Multiplicadores da Agroecologia do estado de Pernambuco; Joana Alcântara, mestranda em crítica cultural e integrante do Fórum Enlésbi; Demison Cardoso, representando o Grupo de Arte-Educação, Esporte e Cultura – GAEEC e Nayanna Reis representando o Movimento de organização Comunitária – MOC.

Demison, falou da importância da juventude nas lutas diárias mediantes as dificuldades politicas que o Brasil vive, além de trazer os/as negros/as como protagonistas nos espaços de busca de direitos. Trouxe as experiências de trabalhos do GAEEC como um importante instrumento político-pedagógico e de transformação social
.

P
ara Gildo José, falou sobre a comissão formada por jovens que traz a diversidade de gênero, agroecologia, comunicação como ações de protagonizar os jovens envolvidos. Falou das conquistas e desafios na garantia dos direitos, da agroecologia e meios de vida sustentáveis para a juventude Rural.

A estudante Joana Alcântara, ressaltou sobre a importância de cada jovem está inseridos/as nos espaços como sindicatos, politica, universidades como ferramenta principal para o rejuvenescimento das ideias e da ousadia, refletido sobre as ocupações nas escolas e universidades. Falou ainda da diversidade cultural através da
linguagem, vestuário, religião e outras desconstruções podem contribuir como estratégia na reorganização da sociedade se cada jovem tomar seu lugar.

As experiências de vida a partir do MOC e nas lutas por direitos da juventude, em especial, mudou a vida de Givaldo Souza. Ele fez reflexões acerca do posicionamento da juventude e como sua participação pode ser transformadora seja nua comunidade, município. A participação da juventude, segundo Givaldo, “precisa acontecer todos os dias por cada desigualdade acontecida, cada direito perdido, pois a juventude tem o folego necessário para a esperança do presente”.

Representando o MOC, na rodada de debates, Nayanna Reis, falou de suas experiências mediante as transformações que movimento social proporcionou na construção de sua trajetória, mediante a Rede Juvesol e a participação nos espaços de incidência política e a necessidade de fortalecer os vínculos fortalecendo a representatividade das diversidades juvenis.

A mesa foi bastante reflexiva diante da conjuntura política atual no Brasil focando o protagonismo juvenil quanto a ocupação dos espaços diante das lutas e buscas de direitos. E não foi diferente quanto a participação dos jovens.

O joven Joeferson Dias de Almeida, da comunidade de Cabaceiras, município de Serra Preta, fez uma reflexão acerca da participação dos/as jovens na política. “Quantos jovens inquietos de muitas ideias, muitos projetos, garra e determinação querem sempre um futuro melhor? E eu pensava comigo como estaria o país, hoje, se fossemos nós estivéssemos ocupando o senado, as assembleias legislativas, as câmaras de vereadores, como seria? Muitos veem a política como algo ruim diante do cenário que nós vivemos, mas eu vejo a política como a ferramenta principal para transformar a sociedade. A gente não vai conseguir mudar a saúde, a educação, a segurança, não vai mudar a cidade nem o campo se não mudarmos a política. E por que não sermos nós? 

O incentivo à juventude do campo a investir na agricultura familiar como meio de viabilidade para a subsistência foi a reflexão de Cléc
ia da Silva Oliveira, da comunidade de Nova América, do município de Conceição do Coité. “A gente passa por uma experiência incrível, da gente ‘tá’ o tempo todo dialogando os saberes com camponeses e camponesas, com a prática da agroecologia, a valorização do conhecimento empírico e eu me pergunto: Porque o campo com todas as experiências que a gente tem ele ainda tem o problema da sucessão familiar e do êxodo rural? E é isso que vai me inquietando, espero que inquiete vocês também, porque nós enquanto juventude rural, enquanto camponeses e camponesas, a gente precisa sair do nosso espaço, com todas as experiências temos que nos calar diante desse sistema que nos oprime?”

Carrossel de experiências

A caravana possibilitou ainda o conhecimento e a troca de saberes a partir do Carrossel de experiências com jovens falando de produção de alimentos, organização social e coletivo jovens, protagonismo e organização de mulheres e educomunicação.

Segundo Lídia Maria, do município de Araci, que trouxe a experiência do protagonismo e organização de mulheres, ressaltou que “foi de grande valia tratar a questão do feminismo para juventude, porque uma questão que está em pauta e tem pouca visibilidade, especialmente para a juventude, além de ser essa oportunidade também me possibilitou falar um pouco da inserção de jovens mulheres nos espaços de mobilização social”.

Segundo dia de Caravana

As atividades da II Caravana da Juventude Agroecológica, renderam muitas aprendizagens e troca de saberes.

Ainda na manhã do segundo dia, os jovens vivenciaram a construção de três tecnologias para a convivência com o Semiárido que poderão ser adaptadas em suas propriedades. A primeira foi a composteira, feito com balde de margarina onde reutilizar cascas de verduras, alimentos para virar adubos; o segundo é o galinheiro móvel, onde é feito uma rotatividade no solo com o galinheiro, permitindo com que as galinhas façam o aparo natural das ervas daninhas e dos insetos. O terceiro é o filtro biológico, sistema de tratamento de água, que é reaproveitado cerca de 70% da água cinza (água utilizada na casa pelas pias e banho) que são destinada a irrigar o pomar por terem raízes e que irão passar pelo processo de filtragem para a planta.

Os jovens falaram sobre o evento e como pretendem explanar os conhecimentos e inquietudes. Ressaltaram através de grupos separados por Território do Sisal e Bacia do Jacuípe as ideias e estratégias para serem aplicadas.

A coordenadora do Programa de Água Produção de Alimentos e Agroecologia (PAPPA) do MOC, Ana Dalva Santana, sintetizou os dias da caravana como essencial para dar voz aos sujeitos. “Essas atividades dos dois dias foi tão importante e fundamental dentro da conjuntura que estamos fazendo, que dar a voz aos sujeitos, na perspectiva da construção de um processo de formação protagonizador da Juventude, então a gente entende que é o momento para promover a juventude na ocupação dos espaços e na construção de uma sociedade mais inclusiva”, completa.

A II Caravana da Juventude Agroecológica, aconteceu por meio do apoio da Bahiater, Terre des Hommes – TDH Suisse, pareceria da
Articulação de Agroecologia na Bahia (AABA) e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Conceição do Coité.


Por Kívia Carneiro
Comunicóloga
Programa de Comunicação do MOC