Feira Intermunicipal apresentou histórias e Direitos conquistados em Comunidades do Semiárido

31/07/2018
Feira Intermunicipal apresentou histórias e Direitos conquistados em Comunidades do Semiárido

MOC_PorumSertaoJusto

 “Essa ciranda não é minha só, ela é de todos nós...”. É sim, em uma ciranda de muitas mãos, no coletivo, em comunidade que o povo do Semiárido se movimenta e se organiza na busca, persistência e insistência em transformar suas realidades, seus lugares e assegurar todos os direitos, que levam a uma vida plena e feliz nas suas raízes. E o Movimento de Organização Comunitária (MOC) acredita imensuravelmente nessas mudanças, por isso, que luta em suas ações para contribuir com a garantia e defesa dos direitos humanos, principalmente das crianças e adolescentes.

Foi nesse embalo, que essa última segunda-feira (30) de julho, começou diferente no município de Retirolândia, cheia de brilhos, alegrias, cores, sorrisos e muitos saberes de crianças, adolescentes, mães, pais e outros, na FEIRA INTERMUNICIPAL DE SABERES E FAZERES SOBRE OS DIREITOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES, que faz parte do projeto Cirandando pelos Direitos, desenvolvido pelo MOC em parceria com a instituição alemã Kinder Not Hilfe (KNH), nas comunidades de Jitaí (Retirolândia) e Rose, Mucambinho e Miranda (Santaluz).

A atividades que contou com mais de oitenta participantes, sendo organizada pela técnica Cleonice Oliveira do Programa de Comunicação do MOC, com as contribuições das jovens multiplicadoras das comunidades. “O Projeto está finalizando esse ano, e por isso achamos importante realizar uma Feira de direitos de crianças e adolescentes, fazendo uma coisa gostosa, com muita gente, com troca de saberes das crianças e adolescentes e os pais e mães das comunidades, que vieram contar um pouquinho sobre suas realidades e como os direitos vem sendo conquistados”, explicou a Cleonice sobre o propósito da Feira.

“A Feira de hoje tem como moeda de troca, o conhecimento, que é a mais valiosa do mundo”, enfatizou Vandalva Oliveira (Coordenadora Pedagógica do MOC). E nessa troca, teve de início belíssimas apresentações culturais das comunidades, trazendo músicas e samba no pé para dinamizar e rechear de brilho ao dia, depois uma mesa de saudação, trazendo figuras importantes nesse processo de garantia de direitos das crianças e adolescentes e também aos que apoiam e colaboram com a execução do projeto nessa trajetória de cinco anos de Cirandando pelos Direitos, fez parte da programação da Feira. 

O jovem Alex do Jitaí deixou suas palavras de emoção e gratidão. “Falar desse projeto é muito gratificante, pois ele vem beneficiando muita coisa na comunidade. E o MOC que dá a vara pra gente pescar e isso tem contribuindo com esses projetos, na comunicação das crianças e também beneficia a comunidade, no desenvolvimento local, na sua identidade, desde já agradeço a presença de todos nesse lindo evento”.

“Nós estamos aqui para lutar juntos com vocês, queremos assim garantir os direitos das nossas crianças e dos nossos adolescentes e de todos nós, estamos aqui em parceria com essas comunidades tão importante que lutam em vista de um mundo melhor para cada um de nós. Muito obrigado! Expressou o pai de um jovem do projeto Justiniano Ferreira da Silva.

CARROSSEL DOS SABERES 
Na praça da Zebrinha, a Feira chamou a atenção de vários curiosos da cidade e foi visitada em forma carrossel pelos participantes para prestigiar e conhecer melhor cada comunidade, na qual puderam se debruçar sobre os elementos artísticos, artesanais, produção de alimentos e muitas relíquias que traziam em suas essências as características e referencias indenitárias, na qual também expuseram e dividiram suas conquistas dos direitos garantidos, mas também relataram os que ainda estão negados. 

Mucambinho trouxe a história do tanque de pedra símbolo deixado pela escravatura, também falaram do direito a cultura, educação, da saúde (conquistando com muita luta o posto de saúde), ao lazer, a liberdade ao respeito e a uma vida digna. Já na comunidade de Rose a saúde está sendo negada, como colocaram, o poste de saúde está em estado de calamidade, mas por outro lado tem a cultura do samba que prevalece forte na comunidade, assim como a existência de grupo de produção de mulheres, como quadra poliesportiva, ruas pavimentadas, sede da associação, escola e muito mais.

A Cultura do samba é também destacada em Jitaí, que luta por reconhecimento Quilombola para reafirmar sua identidade, um direito que foi negado por lá e da educação, pois a escola foi fechada e as crianças e adolescentes precisam se destinar a outra comunidade para estudar. Porém tem direitos conquistados por lá, a exemplo do posto de saúde que tem um bom funcionamento. Em Miranda tem escola funcionando, ela também tem grupo de produção, que trabalha com a alimentação saudável, mas nela o direito a saúde está sendo negado, com a falta do posto, o lazer também não tem muitos espaços e por isso prejudica o envolvimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes e das comunidades.

Em ambos os relatos das comunidades, vale ressaltar que muitos desses direitos foram conquistados a partir do incentivo do Projeto Cirandando pelos Direitos, que colaborou ainda nessa caminhada com a comunicação comunitária, através das Rádios Postes, que leva o direito de produzir comunicação a partir da sua realidade, impulsionando o protagonismo e o desenvolvimento local. 

 “Nossos direitos vêm...”. Depois de um belíssimo retorno sobre o visto nas visitas aos estandes das comunidades, Vandalva Oliveira (MOC) fez uma prosa reflexiva, aprofundando os saberes compartilhados sobre direitos das crianças e adolescentes, que segundo ela assegurar esses diretos é garantir o bem-estar e a vida digna de toda comunidade.

A coordenadora caminhou apontando o observado nas apresentações, tantos dos direitos conquistados, como deles negados. Como: identidade valorizada, mulheres/mãe organizadas, alimentação escolar saudável, organização comunitária, cultura, lazer, águas que estão garantidos, mas tem ainda muito a se conseguir como saneamento básico, posto de saúde, escolas ativas, e muito mais.

“Por isso o MOC incentiva, dá a mão nessa ciranda pra construir um sertão mais justo, entendendo que o MOC apoia, mas quem faz essa história são vocês nas comunidades, são vocês dos municípios e é por isso que quero mais uma vez parabenizar e agradecer toda essa confiança e parabenizar pela disposição que vocês tem de fazer um sertão mais justo e junto com o MOC, de vocês emprestarem suas mãos, suas mentes, seus pés, seu coração para o MOC desenvolver suas ações nas comunidades, porque se não fosse vocês, o MOC não faria nada disso, porque quem faz essa história, quem ciranda pelos direitos são vocês que reivindicam, que acreditam no potencial de vocês e que constroem esse caminho junto com a gente”, frisou Vandalva Oliveira.

E para finalizar esse dia cheio de energia positiva, uma chuva de sentimentos foi compartilhada de conhecimentos tão lindos que revigoram e incentivam a luta e a caminhada, questionadas/os sobre o que iriam levar em suas bagagens: Esperança, amor, amizade, experiências, fé, sabedoria, prosperidade, paz, coragem, aprendizado, energia, alegria e mais uma infinidade de sentimentos que ficaram no íntimo de cada um/uma.

“Eu sou feliz é na comunidade”...



Por: Robervânia Cunha 
Foto: Alan Suzart
Programa de Comunicação do MOC - PCOM