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MOC realizou Seminário Territorial sobre Mulheres, ATER e Agroecologia: Saberes e Fazeres Criativo e Diversificado
05/12/2018
“Mulheres e agroecologia: transformando o campo, as florestas e as
pessoas”, Emma Siliprandi. Foi com essa certeza de transformação de vidas que
aconteceu o Seminário Territorial sobre Mulheres, ATER e Agroecologia: Saberes
e Fazeres Criativo e Diversificado, realizado nos dias 03 e 04 de dezembro, no
município de Riachão do Jacuípe, pelo Movimento de Organização Comunitária
(MOC), como parte das ações do projeto da Chamada Pública de Assistência
Técnica e Extensão Rural (ATER) com apoio da Secretaria de Desenvolvimento
Rural (SDR), Governo do Estado da Bahia, com o propósito de fomentar práticas de ATER
agroecológica para e com mulheres, de modo a fortalecer a autonomia,
valorização e visibilidade do trabalho das agricultoras rurais.
O
seminário contou com a participação de mulheres dos municípios da Bacia do
Jacuípe que fazem parte da Chamada, equipe técnica do Programa Água, Produção
de Alimento de Agroecologia (PAPPA/MOC), assim como o Coordenador de ATER
Mateus Jonnei e com corroboração da Coordenadora de Gênero (PGEN/MOC) Selma
Glória.
E
seguiu com debate sobre as desigualdades de gênero e a violência contra as
mulheres e meninas no contexto rural e periurbano/urbano, bem como reflexão
sobre a dimensão da divisão social/sexual do trabalho doméstico e os desafios
para a autonomia das mulheres rurais, teve ainda momento de compreender melhor
o papel das mulheres nos processos de assistência técnica e agroecologia e as
desigualdades que permeiam as práticas, além de criar estratégias para o fortalecimento
da participação das mulheres nos processos agroecológicos e superação das duas.
Toda
programação se deu em volta de dinâmicas, exibição de vídeos, reflexão e
atividades em grupos, as participantes se debruçaram sobre como enfrentar a
violência contra as mulheres, desigualdade de gênero, qual o lugar das mulheres
em meio ao público e privado, apresentando desenhos de seus lugares de ocupação
e participação como mulheres em associação, sindicato, em casa, em grupos,
entre outros.
E
partir de um entendimento mais aprofundando sobre o que Agroecologia, as
mulheres construíram o mapa coletivo das comunidades, apresentaram e refletiram
sobre a Caderneta agroecológica e a autonomia das mulheres, elaborando ainda
propostas sobre a agroecologia em que querem em suas vidas, pensando em
recomendações para MOC, sindicato, associação, prefeituras, comunidade, família.
CADERNETA
AGROECOLÓGICA
Segundo
Selma Glória do PGEN/MOC, integrante do Grupo de Trabalho (GT) de Mulheres da
Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), a Caderneta Agroecológica foi criada por grupos de mulheres e organização, principalmente o Centro de Tecnologias
Alternativas da Zona da Mata (CPA)
das meninas da cidade de Viçosas/MG, que tiveram a iniciativa de
organizar a Caderneta para trabalhar com as mulheres, de modo que desse a
visibilidade ao trabalho que elas faziam e sempre foi invisibilidade e também
não valorizado, nem remunerado.
Neste
aspecto, esse processo da Caderneta se estendeu e foi ganhando interesse de
outras pessoas e organizações, então o GT de mulheres da ANA submeteu um
projeto ao então Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) diretoria de mulheres, que financiaram um projeto de
pesquisa com as Cadernetas, uma pesquisa que mostrassem o trabalho das mulheres
o que elas produzem e a renda que elas geram nos seus quintais produtivos, principalmente, quintal produtivo, ao redor
de casa, ou canteiros assim como elas chamam, isso muda muito de cada região.
A Caderneta é pensada em quatro colunas: consumo, troca, doação e vendas,
juntando todos esses passos e somando no final do mês, as mulheres têm mais
noção do quanto elas produzem, geram renda dentro de casa e o quanto
elas também comercializam foram de casa. Essa pesquisa foi finalizada uma
primeira parte, os dados já foram sistematizados, na Bahia as organizações
que participaram da pesquisa foi o MOC e SASOP.
O MOC atua com a Caderneta com mulheres dos municípios de Riachão do Jacuípe, Santaluz e Araci, esses dados estão sendo já divulgados, e inclusive a partir desses resultados, o Governo do Estado, inseriu a Caderneta Agroecológica na Chamada Pública de ATER para Mulheres, isso significa que todas as entidades que executaram o ATER para Mulheres, vão trabalhar também com a Caderneta Agroecológica, não só como instrumento de anotação, mas como uma metodologia de trabalho específico com mulheres. Um passo importante, no qual se percebe os avanços e os frutos da Caderneta nesse contexto.
Em suma, essa Caderneta além de dá visibilidade a produção das mulheres e a presença das mulheres na agroecologia, ela também ajuda e contribui com as mulheres na autonomia econômica, com autoestima, com reconhecimento da produção. A Caderneta tem esse papel, não só de registro, mas também de ser utilizada como instrumento de diálogo, de negociação de políticas públicas e ainda para que as mulheres ganhem espaços e visibilidade no campo da agroecologia, que foram tão invisibilizadas.