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A Rede ATER Nordeste de Agroecologia realizou o II Módulo de Formação da “Pesquisa ação: Práticas de ATER com a utilização do Método Lume”. O evento aconteceu entre 28 de agosto e 1° de setembro em Quixadá, no Sertão Central cearense. Ao todo, participaram 42 pessoas, entre técnicas e técnicos de ATER, agricultores e agricultoras das comunidades assessoradas.

Se, no primeiro encontro, realizado em abril de 2023, a Rede utilizou o Método Lume para a compreensão da trajetória das comunidades, nesse segundo módulo, as análises se voltaram para a construção de estratégias de ATER para as famílias agricultoras em transição agroecológica.

Luciano Marçal, da ASPTA, explica a correlação entre do primeiro módulo, focado na comunidade, para o segundo: “Agora, a gente mergulha no universo de um agroecossistema, ou seja, da área gerida por uma família, para a gente entender como se dão os processos de gestão. Porém, existe uma relação de interdependência muito forte, tudo que é um processo de transformação no agroecossistema está intimamente relacionado com as estratégias mobilizadas pela comunidade, pelas relações de reciprocidade, de cooperação e gestão dos bens comuns”.

No segundo dia da formação, os participantes se dividiram em grupos e visitaram seis famílias nas comunidades Vila Rica e Boa Vista, que recebem a assessoria do Cetra. Durante as visitas, os grupos construíram a linha do tempo, a identificação dos subsistemas (unidade de conversão de recursos em produtos) e a delimitação do mapa de fluxos de insumos e produtos entre o núcleo familiar e a comunidade, o Estado e o mercado.

Após a análise das ferramentas do Método aplicadas nas famílias visitadas, as equipes exercitaram a elaboração de planos de inovações tecnológicas, sugerindo estratégias de fortalecimento das ações já realizadas pelas famílias agricultoras. Além de ser um momento de formação para as equipes das 11 organizações presentes e que fazem parte da Rede ATER NE de Agroecologia, o encontro também tinha como intenção refletir sobre o uso do Método Lume nas políticas públicas de assistência técnica.

“Ele (o método) é um instrumental desenvolvido para que a construção da agroecologia aconteça com base no diálogo com as famílias, nos recursos disponíveis, no saber local, com as capacidades organizativas e inventivas das famílias e das comunidades, é assim que se constrói agroecologia e é assim que a gente espera que as chamadas públicas de ATER operem”, conclui Luciano.

Lançamento do livro

E por falar em capacidades organizativas e criativas das famílias agricultoras, o encontro foi palco do lançamento do livro “As Odetes: Protagonismo Sociopolítico através do trabalho com a terra”. De autoria da professora e agricultora Cristiane Ribeiro, da comunidade tradicional de Fundo de Pasto Esfomeado, no norte da Bahia, o livro conta a história da comunidade que se formou há 300 anos num território que é alvo do interesse de grandes corporações e das Odetes, um grupo de mulheres da comunidade que se organizam para a produção de alimentos.