Presépio de Natal com jeito sertanejo

30/12/2004

O Natal já passou, mas dele ainda ficou a fé e a vontade de idealizar um mundo melhor. Durante o período natalino, existe uma tradição especial em todo o mundo cristão que é a montagem de presépios natalinos, também conhecidos como lapinhas, que ao lado do pinheirinho e dos presentes é uma das mais antigas formas de caracterização do Natal.

Na hora de montar seu presépio, os devotos criam uma maquete da manjedoura onde nasceu Jesus e a enfeitam com artesanatos da região. No Sertão da Bahia, atualmente é raro encontrar pessoas que ainda praticam esta tradição. Duas delas se encontram na Fazenda Canoas, a 40 km da sede do município de Riachão do Jacuípe. Lá existem e são reconstruídos há quase 50 anos, duas lapinhas de dimensões gigantescas.

Uma é de Dona Maria Carneiro, que disse levar uns 15 dias para preparar o presépio que toma toda a sala de visitas. Ela mesma explica porque mantém esta tradição e tem uma das mais bonitas lapinhas da região. "Isso representa o nascimento do menino Deus e pra mim é muito gratificante. Enquanto puder vou fazer", disse.

A vizinha, Maria de Oliveira, de 60 anos, faz lapinha desde os 15 anos e não quer parar de fazer. "Eu comecei a fazer quando era criança e é muito bom ver as pessoas virem aqui ver o que fiz", afirma.

A História do Presépio de Natal - A palavra presépio significa "um lugar onde se recolhe o gado; curral, estábulo". Porém, esta também é a designação dada à representação artística do nascimento do Menino Jesus num estábulo.

Os cristãos já celebravam a memória do nascimento de Jesus desde finais do séc. III, mas a tradição do presépio, na sua forma atual, tem as suas origens no século XVI. Antes dessa época, o nascimento e a adoração ao Menino Jesus eram representadas de outras maneiras. As primeiras imagens do que hoje conhecemos como presépio de natal foram criadas em mosaicos no interior de igrejas e templos no século VI e, no século seguinte, a primeira réplica da gruta no Ocidente foi construída em Roma.

No ano de 1223, no lugar da tradicional celebração do natal na igreja, São Francisco, tentando reviver a ocasião do nascimento do Menino Jesus, festejou a véspera do Natal com os seus irmãos e cidadãos de Assis na floresta de Greccio. São Francisco começou então a divulgar a idéia de criar figuras em barro que representassem o ambiente do nascimento de Jesus.

De lá pra cá, não há dúvidas que a tradição do presépio natalino se difundiu pelo mundo criando uma ligação com a festa do Natal. Já no século XVIII, a recriação da cena do nascimento de Jesus estava completamente inserida nas tradições de Nápoles e da Península Ibérica.

Neste mesmo século, vindo de Nápoles, o hábito de manter o presépio nas salas dos lares com figuras de barro ou madeira difundiu-se por toda a Europa e de lá chegou ao Brasil. Hoje, nas igrejas e nos lares cristãos de todo o mundo são montados presépios recordando o nascimento do Menino Jesus, com imagens, de madeira, barro ou plástico, em tamanhos diversos.