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Caravana MOC 50 Anos percorre o município de Santaluz
04/09/2017
#2017MOC50Anos
#PorumSertaoJusto
A caravana do Movimento de Organização
Comunitária (MOC) chegou à cidade de Santaluz nesta sexta-feira, 01 de setembro,
com a participação de agricultores e agricultoras familiares, profissionais de
ensino, crianças, adolescentes, jovens, e homens e mulheres do campo.
No período da manhã aconteceu a
abertura do evento com oficinas temáticas e seminários no Colégio Estadual
Tarcilina Borges. Logo após foi dado início ao percurso da carreata por volta
das 14:00h ,com concentração na escola seguindo pelas principais avenidas da
cidade de Santaluz com destino ao Sisal Clube.
O local escolhido contou com um stand
institucional e outro de grupos de empreendimentos econômicos solidários, onde
aconteceu a exposição dos seus produtos e a culminância do evento. Este é o momento
de ouvir as histórias de vida das pessoas e de como a história do MOC tem
contribuído nas suas lutas e labutas e para a conquista dos seus direitos.
A entrada ficou por conta de Hiolanny
Viola em canto e cordel, com algumas canções incluindo a de sua autoria “Daqui
eu não saio, daqui ninguém me tira. O sertão é minha casa, meu orgulho, terra
querida”. Logo depois Jussara Secundino, educadora e Conselheira do MOC foi
convidada para fazer a abertura da culminância.
Momento
de escuta
A mediação da culminância foi realizada
pela técnica do MOC Ana Dalva Santana que apresentou a mesa composta por mulheres.
Representando crianças e adolescentes a jovem Laís da Cunha Almeida da comunidade
de Mucambinho, os Empreendimentos Econômicos Solidários foram representados por
Patrícia Santiago, da comunidade de Rose, os/as agricultores e agricultoras
familiares por Maria José Almeida, de Lagoa Escura e a representante dos educadores/as,
a professora Solange Pamponet, residente na comunidade de Rose, em Santaluz.
A Campanha “Pela Divisão Justa do
Trabalho Doméstico” foi lançada no município por Selma Glória, coordenadora do
Programa de Gênero do MOC e que também apresentou o vídeo da Campanha. Mulheres de várias idades cantaram e
apresentaram cartazes com frases de efeito relacionadas à igualdade de gênero
na culminância.
Sr. Justino Nunes, comunidade de Morro
dos Lopes, Santaluz declamou um cordel com a síntese da caminhada do MOC no
município e relatou “Estou ao lado de uma entidade que sonha, luta e acredita
por uma sociedade justa. Nasci em 1967 em um ano muito especial porque também
nascia o MOC”.
Após depoimentos fortes e
emocionantes, agricultores/as alegraram o ambiente com o samba de roda do grupo
“Rosas Vivas” da comunidade de Rose, daquele município.
O
MOC Sou Eu
A história MOC 50 anos é a história de
crianças, jovens, homens e mulheres das diferentes gerações que se espalharam
pelo sertão. Maria da Paz Pereira Barreto, da comunidade de Várzea da Pedra, em
sua fala representou o protagonismo das mulheres que lutam sem seu espaço no
mundo. ““Hoje sou coordenadora da Antrafas, da Rede, faço parte dos Movimentos
do Nordeste de Caruaru, pra mim é uma honra muito grande ter chegado tão longe.
E assim, sem contar o que mudou na minha vida, hoje eu sei o que eu quero e pra
onde eu vou, sou dona da minha própria vida. E dizer assim, que me preocupo
muito com as companheiras que ficam em casa, só pensando em casa. Ficar em casa
é bom, mas viajando é melhor ainda. É cada viagem que a gente vai e volta mais
forte, emponderada e conhecedora do seu direito”, declarou.
“O MOC me
ajudou a conhecer a minha história, a ser uma criança feliz e capaz de lutar
pelo que quero e aprendi a gostar mais da minha comunidade. O MOC levou a Rádio
Poste e o Baú de Leitura, desenvolvendo a comunicação dos adolescentes. Mostrou
com as oficinas que podemos lutar e ter garantia dos nossos direitos”,
ressaltou a jovem Laíse da Cunha Almeida, com 13 anos, que já testemunha que as
crianças sabem construir e produzir conhecimento, representando um MOC que
acredita que a criança é sujeito de direito.
Patrícia em
seu relato representou o MOC de uma juventude rural protagonista, empreendedora
e sonhadora. “Quero dizer pra vocês que o
desenvolvimento nosso através dos projetos do MOC foi muito grande. Por que pra
iniciar a gente precisou participar de cursos, participar de atividades fora da
nossa comunidade... A gente corria pra buscar o que a gente queria”, enfatizou.
Uma das
aniversariantes do dia, Maria José Almeida, da comunidade de Lagoa Escura, muito
emocionada falou de um MOC que incentiva do manejo de água e do cultivo da
terra com princípios agroecológicos, para produção de alimentos saudáveis e que
também contribui na mudança de vida e da permanência dessas pessoas no seu
lugar. “Olho o que a gente tinha há cinco anos e o que temos hoje. Antigamente
ia distante buscar água pra beber e era a mesma que os animais bebiam. E nosso
orgulho hoje ver as famílias da comunidade com a mesa verde. Antes era só no
período do inverno e hoje é todos os dias. Temos não só nos barreiros e nas
cisternas, mas o verde nos quintais. Meu Deus muito obrigado por ter colocado o
MOC em minha comunidade, em meu município!!”
Santaluz tem cravado na sua história o
que é uma educação do campo mobilizadora e transformadora de vida. De uma educação
que não expulsa jovens e crianças do campo. A fala da professora Solange
Pamponet ressaltou a implantação do Projeto CAT no município com educação
contextualizada e sua ressignificação, destacando o MOC que acredita que a
educação não é a única responsável, mas ela é fundamental para as
transformações da sociedade que a gente sabe
que é possível fazer acontecer.
“Lembro
que dona Chica me convidou para uma reunião para falar de uma metodologia
diferente para conhecer, analisar e transformar através da educação e que o MOC
queria implantar aqui e em outros municípios. Tivemos nesse projeto CAT uma
longa jornada de formação e também para os ensinamentos da vida e ainda
compartilhar com os estudantes a questão do se
apropriar enquanto cidadão do campo e não ter vergonha de se auto afirmar como
filho de trabalhador rural”, disse a professora. Ao encerrar sua fala declarou “As
sementes são muitas a gente precisa regar, sustentar e dizer para as pessoas
que nós, pessoas, cidadã e cidadão do campo somos doutores do campo, somos
gente e não devemos nada a ninguém”, concluiu.
Homenagem
Um momento especial e dos mais
emotivos do dia aconteceu durante uma homenagem póstuma a Rosania Trabuco, jovem,
líder sindical que teve importantes contribuições nos debates de juventude,
cooperativismo, luta das mulheres, empoderamento político e social.
Vandalva Oliveira ressaltou “Se Rosania
tivesse aqui ela complementaria dizendo que eu sou aquela mulher que nunca
desistiu da luta” e cantaria “Entrei na luta da luta eu não fujo, pelos
direitos da luta eu não fujo, pela igualdade da luta eu não fujo, pra construir
uma nova sociedade”.
Ainda com vários discursos
emblemáticos e todos bem emotivos, Vandalva Oliveira declamou a poesia de Cora Coralina que tem
muito a ver com a história de Rosânia que fala de uma mulher que nunca desistia
da luta, de uma mulher otimista.
Segundo Vandalva o MOC acredita na
força de homens e mulheres de diferentes ações para construir a sua história.
“A história do MOC não tem sentido se ela não for sentida, vivida,
experimentada pelas mudanças que vão acontecendo a partir de sua ação”
finalizou a coordenadora pedagógica do MOC.
Por:
Robervania Cunha e Alan Suzarte
PROGRAMA DE COMUNCAÇÃO DO MOC