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Projeto Mulheres Rurais fortalece autonomia feminina no campo com visita de monitoramento da ANATER
10/07/2025
De 7 a 11 de julho de
2025, o Projeto Mulheres Rurais: Autonomia, Alimentação e Vidas
Saudáveis recebeu uma visita de monitoramento realizada pela Agência
Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (ANATER), em parceria com o
Movimento de Organização Comunitária (MOC). A agenda percorreu municípios do
semiárido baiano com o objetivo de acompanhar as ações e os impactos gerados
nas comunidades atendidas.
Essa iniciativa integra as ações coletivas do projeto, fruto da parceria
entre a ANATER (@anater.ater), o Ministério do Desenvolvimento Agrário e
Agricultura Familiar (MDA) (@mdagovbr) e o MOC, voltada ao fortalecimento da
autonomia das mulheres do campo, promovendo assistência técnica, extensão rural
e acesso a políticas públicas que garantem inclusão social, econômica e
produtiva.
O Projeto Mulheres Rurais, também conhecido como ATER Mulheres Rurais, é
uma iniciativa nacional abrangente que visa fortalecer a autonomia econômica, a
cidadania e o bem-estar das mulheres do campo. Oferecendo assistência técnica e
extensão rural, o programa busca superar desigualdades de gênero e raça,
promovendo atividades produtivas sustentáveis, a organização coletiva e o
acesso a políticas públicas essenciais como crédito e fomento. A iniciativa
fortalece a agricultura familiar, beneficiando especificamente assentadas,
quilombolas, indígenas, extrativistas e pescadoras.
A Escolha e a Visão da ANATER: Uma Parceria de Sucesso
Ao falar sobre a decisão da ANATER em apoiar o projeto, Niro Roni Nobre Barrios, gerente de Monitoramento e Qualificação da ANATER, destacou a satisfação com a parceria. "Para nós, é uma grande satisfação acompanhar a execução do contrato com o MOC aqui na Bahia", afirmou Niro. Ele explicou que a escolha do MOC foi baseada em critérios rigorosos: "A escolha levou em conta a trajetória sólida e a experiência do MOC na execução de contratos com órgãos públicos e privados. O plano de trabalho apresentado dialogou perfeitamente com os objetivos da chamada pública, cumprindo todas as etapas com excelência. Essa parceria é, sem dúvida, extremamente exitosa."
Niro ressaltou que o projeto atende a mais de 12 mil mulheres em todo o Brasil e que seus impactos estão alinhados a três eixos fundamentais, que garantem a abrangência e a profundidade da iniciativa:
Produção: "A autonomia financeira das mulheres depende da implementação de processos produtivos sustentáveis e economicamente viáveis, assegurados por investimentos e projetos bem estruturados, garantindo sustentabilidade a curto, médio e longo prazo."
Ambiental: "O compromisso com a agroecologia é essencial. O projeto promove a redução do uso de agrotóxicos, protege a saúde das produtoras e consumidoras, e preserva o meio ambiente, contribuindo para uma produção mais saudável e consciente."
Social: "O projeto representa uma reparação histórica, fortalecendo direitos das mulheres rurais. Apoiamos a regularização documental, a organização em cooperativas, associações e sindicatos, ampliando a participação cidadã e política e o protagonismo dessas mulheres na sociedade."
"Essa integração equilibrada dos três eixos — produção, ambiental e social — é o que confere sustentabilidade e força política à iniciativa", concluiu Niro, reforçando o caráter inovador e transformador do Projeto Mulheres Rurais. Ele ainda adicionou: "As mulheres relatam que agora se sentem capazes de sonhar mais alto. Algumas, mesmo idosas, despertam para possibilidades antes inimagináveis — seja empreendendo, gerando renda ou participando das decisões familiares de forma dialogada. Esse é o grande legado do projeto: as mulheres percebem seu valor e seu papel na família e na sociedade, um legado que elas levarão para toda a vida."
A Voz da Transformação: O Legado de Maria José Almeida
Durante a visita, a agricultora e beneficiária do projeto, Maria José Almeida, compartilhou sua emocionante trajetória de transformação. Sua história é um poderoso testemunho do impacto real que o Projeto Mulheres Rurais tem na vida das mulheres do campo.
"Antigamente, a gente não trabalhava na agricultura. Era só da pia para o fogão. Eu era dona de casa, não tinha visitas, nem liberdade para sair ou conhecer experiências fora da nossa realidade. Mas, com a chegada do MOC, tudo mudou. Hoje, eu tenho o direito de sair, participar de intercâmbios, conhecer outros agricultores e aprender com suas experiências. A gente ganhou o direito de ver e viver coisas novas. E o melhor: hoje temos uma mesa verde dentro de casa. Quando falo isso, não é só sobre a minha casa, mas também a dos meus vizinhos. A gente planta, se alimenta e compartilha com quem está por perto. Isso é muito gratificante."
Maria José enfatizou que o projeto transcendeu o individual, transformando toda a comunidade. "Falo com amor, porque o projeto não transformou só a minha vida, mas a de toda a comunidade. Antes, não tínhamos esse acompanhamento. Hoje temos gratidão. Aprendemos a organizar a produção, a cuidar da nossa roça, a guardar sementes crioulas, que preservamos há mais de 20 anos com o apoio do MOC. Recebemos tecnologias sociais como cisterna de enxurrada, canteiros, fomento para investir... Tudo veio no momento que mais precisávamos. Eu, Maria José, sou imensamente grata por tudo isso. E não só ao MOC, mas a todas as entidades parceiras que chegaram até nós através dele. São pessoas maravilhosas que vieram com compromisso e respeito."
Em um relato ainda mais pessoal, Maria José revelou como o projeto a ajudou a superar um passado de violência. "Eu fui uma mulher vítima de violência. Quando o MOC chegou na nossa comunidade e fundamos um grupo de produção, começamos a viajar, a conhecer nossos direitos, como a Lei Maria da Penha. Participamos da Marcha das Margaridas, e tudo isso nos despertou. Foi nessas experiências que aprendi a me olhar no espelho e acreditar que sou capaz. Antes, eu era violentada pelo meu esposo. Hoje, transformei essa realidade. Aprendi a dialogar com carinho, a mudar até a forma de tratar meus filhos. As viagens abriram nossa mente e mostraram outro mundo possível. A gente aprendeu a enfrentar as dificuldades com amor, com acolhimento, com coragem. Hoje eu tenho autonomia. Sou eu quem decide o que plantar, quem organiza minha roça, quem contrata o trabalhador. Se precisar, faço cerca, cuido da terra, pego esterco, planto e colho. Antes, tudo era abandonado. Hoje, não espero por ninguém. O projeto do MOC chegou como um chamado: 'Acorda, mulher! Vá à luta!' E assim fomos. A gente não para. Se estamos em uma atividade, já estamos pensando em outra. E Deus prepara o tempo certo para tudo."
Com uma mensagem inspiradora, Maria José concluiu: "Acordem, mulheres! A gente pode tudo, basta querer. Se olhe no espelho, veja sua força e vá à luta. Todas juntas, nós vencemos."
Impacto Visível e Compromisso Futuro
A visita da ANATER, acompanhada de perto pelo MOC, percorreu diversas comunidades e territórios no interior da Bahia, incluindo Retirolândia, Santa Luz, Araci, Teofilândia e Serrinha. A comitiva visitou unidades produtivas, hortas comunitárias, associações e pontos de comercialização, comprovando o fortalecimento do protagonismo feminino e os resultados concretos do projeto no campo.
A agenda de monitoramento será encerrada em Salvador amanhã, com uma audiência crucial entre ANATER, MDA, INCRA e MOC. O encontro reafirmará o compromisso institucional de todas as partes com o fortalecimento contínuo da agricultura familiar e a expansão da assistência técnica direcionada às mulheres do campo.