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Persistência, garra e determinação resumem a trajetória do Grupo “Mulheres de Mucambo”
04/05/2016
Grande potencial de frutas nativas na
comunidade de Mucambo, localizada em uma produção agroecológica localizada a 16
km da sede do município de Riachão do Jacuípe e 202 km de Salvador, despertou em
2008 a criação do grupo de produção “Mulheres de Mucambo” na época denominado
“Frutos da Caatinga”.
“O grupo surgiu quando foi
identificado grande potencial existente na comunidade. Quando se falava em
segurança alimentar e nutricional e quando a gente viu grande desperdício de
frutas que se tinha por ai das frutas nativas inclusive o umbu, achamos por bem
começar a pensar de como aproveitar esse potencial”, ressalta Abelmanto Carneiro de Oliveira, integrante do grupo. “Daí fizemos diagnóstico, analisamos quantos
tipos de frutas tínhamos na nossa região num raio de seis quilômetros e
verificamos um grande potencial sem uso, e foi a partir dai que surgiu a ideia
de criar um grupo, porque individual teríamos dificuldades”, complementa
Abelmanto coordenador do diagnóstico feito
através de um trabalho voluntário desenvolvido na comunidade denominado
Projeto de Educação Ambiental Vida do Solo.
Com a conclusão do levantamento foi
detectado que a produção do umbu, por exemplo, seria de 99 mil kg em media, por
ano, e que menos de 05% era aproveitado. “Isso gerou um desconforto dentro do
conhecimento adquirido a respeito da insegurança alimentar, do desperdício e da
ausência de oportunidade de geração de renda”, ressalta Abel. Esses fatores
contribuíam para o êxodo rural na região.
Dificuldades
As dificuldades iniciais foram muitas
como contam algumas das mulheres envolvidas “No início foi tudo na tóra mesmo.
Não tinha nem onde colocar as polpas direito”, diz Débora Carneiro. “A gente
despolpava as frutas na mão”, complementa Railda Oliveira. “Antes se despolpava na mão e selava as polpas
com um ferro aquecido em um fogo de gás”, enfatiza Maria do Carmo Carneiro.
Com as dificuldades iniciais o grupo
buscou apoio e logo deram passos mais firmes. “Só em Setembro de 2009 as coisas
avançaram quando as pessoas envolvidas na ideia solicitaram do Senar [Serviço Nacional de Aprendizagem Rural da Bahia] um
curso de processamento de frutas e logo em novembro conseguimos uma grande
aceitação do nosso produto no mercado local e com isso estimulou bastante o
grupo a produzir mais e conhecer outros mercados”, diz Abel. Pouco tempo depois
fizeram o curso de cooperativismo, também pelo Senar. “Outro parceiro
importante na nossa história é o MOC e o Cesol”, lembra Jacira de Oliveira,
integrante do grupo.
Com tantas descobertas o grupo passou
a se aperfeiçoar cada vez mais buscando outros cursos junto ao Movimento de
Organização Comunitária (MOC), que tem assessorado a equipe desde o início com
cursos de doces, geleia, compota, sequilhos e bolos como outros produtos, e
recentemente através do Projeto Rede de Cidadania no Sertão da Bahia, com apoio
da Petrobras com qualificação do processo,
aumento da produção e a certificação para a comercialização em mercados
institucionais.
Inicialmente com doze pessoas, hoje o
grupo conta diretamente com nove dos integrantes iniciais, sendo que três são
homens e seis mulheres. “Hoje tem muita gente envolvida são famílias inteiras,
porque a gente trabalha com as famílias e fornecedores gerando uma renda
indireta para cerca de 42 pessoas”, ressalta Jacira satisfeita com a
contribuição da equipe com o desenvolvimento local.
Avanços
e desafios
As coisas avançaram e hoje a equipe já
possui equipamentos apropriados a exemplo de um
selador, três freezers, um despolpador, e um espaço com cozinha
comunitária cedido pelo Projeto Vida do Solo. A chegada dos equipamentos marcou
muito os integrantes do grupo e eles
destacam este momento como a maior conquista até agora. “Foi muito emocionante
mesmo quando chegou o primeiro freezer, o liquidificador e a seladeira. A gente
sabia o quanto isso ia facilitar e melhorar a qualidade do nosso trabalho”,
disse Jacira com a aprovação dos demais. Outros momentos que o grupo gosta de
lembrar são os intercâmbios e os cursos, mas nada comparado à emoção com a
chegada dos primeiros equipamentos.
“Foi um grande avanço. Conseguimos
produzir uma maior quantidade só esse ano conseguimos produzir e estocar mais
de dois mil quilos de polpas. Quando conseguimos junto com MOC alguns
equipamentos isso marcou muito como também uma cisterna de cinquenta e dois mil
litros para produzir , foi um marco em nossas vidas”, conta Abel.
O grupo esta otimista e acredita poder
avançar muito mais, gerar mais renda e fixar as famílias na comunidade sem
necessariamente sair em busca de empregos em outras localidades. Tem como meta
três grandes desafios: Ser uma agroindústria padronizada e dentro das
exigências legais, conseguir o registro de seus produtos junto ao Ministério da
Agricultura e constituir uma cooperativa na comunidade local. “Com certeza isso
vai ser de fato um dos grandes avanços conquistado, depois de todo esse sonho
realizado nos garante mais segurança e sustentabilidade respeitando a natureza
como sempre, trabalhando com responsabilidade dentro dos princípios e processo
agroecológico”, conclui Abel.
Por:
Maria José Esteves
Programa de Comunicação do MOC