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Mostra de Arte revela talentos infantis
26/10/2009
Durante a IV Mostra de Arte, Cultura e Educação que foi realizada nos dias 21,22 e 23 de outubro na Pousada Central, em Feira de Santana, as crianças e adolescentes do semiárido emocionaram os participantes com a sua desenvoltura e expressão.
Diante de uma platéia formada por gestores de educação, educadores, representantes de entidades do movimento social e do poder público, quatro alunos da Escola Municipal Fazenda Tatu, em Quijingue, interpretaram um trecho da obra de Graciliano Ramos, Vidas Secas, que narra a história de uma família que tenta sobreviver no sertão, sem água, sem comida, sem oportunidades.
Com pouco mais de 27 mil habitantes, de acordo com o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE 2007), o município de Quijingue atualmente está entre os mais pobres da Bahia. No entanto, durante abertura da Mostra de Arte, os alunos reforçaram que o futuro do país está na educação, sobretudo, na educação contextualizada, que valoriza e fortalece a identidade do homem e da mulher do campo.
Para Micael da Costa Freitas, que representou o personagem Fabiano, na apresentação Vidas Secas, o evento foi uma oportunidade para valorizar a cultura e também ampliar conhecimentos e trocar experiências. Micael é estudante da Escola Municipal Fazenda Tatu e integrante do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) de Quijingue. Segundo ele, a Mostra foi um momento para reforçar e valorizar a importância do PETI. “Apresentar os trabalhos do PETI, dentro da escola e mostrar como as atividades do programa vêm contribuindo para ajudar no crescimento e desenvolvimento dos alunos”, disse.
O teatro na escola é considerado uma forma de superação e alcance além da zona rural, as crianças estão empenhadas em todo o processo e já se organizam para produzir outras peças. A educadora Ane Samara Souza afirmou que atividades teatrais e culturais ajudam bastante no desempenho escolar dos alunos. “Eles despertam o interesse pelo estudo e pela arte e aprendem a conviver melhor com questões de grupo e se relacionarem com o ambiente em que vivem”, concluiu.
“O foco da educação é o contexto” – Educador popular do Projeto Axé, Caubi Nova, foi um dos convidados para roda de prosa que discutiu o tema A arte e a cultura na educação e na vida. Nascido no centro histórico de Salvador, Caubi Nova reforçou a importância da coletividade. “É necessário tomar uma atitude diante da vida, e isso implica num processo de passagem de um comportamento para outro. Trabalhar coletivamente, produzir coletivamente é algo que não tem que ser apenas dito, tem que ser feito. O coletivo precisa revigorar a cultura e a política”.
Com uma linguagem simples, e também, com muita sabedoria, o educador popular afirmou ser necessário valorizar a cidade em que se vive para preservar a identidade. Ao final, Caubi concluiu sua fala expressando os princípios trabalhados pelo Projeto Axé, entre eles, o que diz que “a arte não é meio para educar, ela é a própria educação”.
Durante a programação da Mostra de Artes, foram realizadas diversas oficinas sobre práticas agroecológicas, dança, corpo, movimento e meio ambiente e apresentações sobre cultuta-afro brasileira, jogos e brincadeiras infantis, forrozeiros, além de exposição de artesanato e comidas típicas do semiárido.
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