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Saúde e sabor que vem da terra trazem a força e a alegria para a família de Dona Diomar e Seu Wilson
10/11/2014
É quase meio-dia, hora do almoço da família de Dona Diomar e Seu Wilson de Araújo na comunidade de Lagoa do Junco, município de Quijingue. O suco docinho e refrescante de maracujá já está na mesa, atraindo logo quem chega. No cardápio do dia tem feijão verde cozido, arroz, farinha, carne assada e a salada que não pode faltar.
A alimentação variada da família é composta de muitas verduras, frutas e legumes e é motivo de orgulho para todos/as da casa, que lembram que essa realidade nem sempre foi assim. “A comida da gente era feijão e farinha, Deus o livre falar em salada aqui. De oito meses pra cá, que é salada todos os dias e todo mundo gosta. Começamos a produzir com a cisterna de enxurrada em três canteiros de hortaliças e agora já temos muito mais e plantamos de tudo”, diz Dona Diomar.
“Coentro, cebolinha, alface, couve, pimentão, abóbora, rúcula, mandioca, maracujá, mamão, batata, beterraba e até amendoim e morango temos aqui. Usamos na alimentação e o que sobra vendemos aos sábado na comunidade. Já temos freguesia certa!”, conta seu Wilson.
“A gente fica muito feliz, porque nunca vimos isso. A nossa alimentação melhorou, tudo melhorou. Cada vez que eu vendo uns coentrinhos, umas verdurinhas, já guardo o dinheiro, pra comprar outra coisa, uma muda ou material para melhorar a horta”, diz a agricultora. Para Seu Wilson, outra alegria grande agora é a melhoria da saúde da família. “Aqui em casa todo mundo sofria de gastrite, pressão alta, qualquer coisa já se sentia mal e tomava vários remédios. Hoje, graças a Deus ninguém tem mais nada, nosso alimento é a gente que planta e praticamente não compramos mais nada”, completa.
Dona Diomar conta que houve mudança também na forma de produzir os alimentos. “Antes o pouco de milho e feijão que a gente plantava, não tinha muito cuidado, nem preocupação. Só pegava a semente, cavava o buraco e jogava a semente à toa, para esperar o dia de nascer. Hoje a gente conhece de agroecologia, aprendeu a fazer compostagem, preparar o solo e fazer inseticida natural. Usar o nim, o fumo, a pimenta do reino, o angico. Antes a gente não aproveitava nada, jogava tudo fora”, diz.
Outra prática que vem sendo implementada pelo casal é o armazenamento das sementes crioulas para o plantio. A agricultora conta que despertou para a valorização das sementes crioulas e aprendeu a guardá-las depois de um intercâmbio que participou com outros agricultores/as. “Quando cheguei em casa fui logo ensinando ao meu marido”. “Agora selecionamos e guardamos as melhores sementes para o plantio”, completa seu Wilson com orgulho, apontando para as sementes guardadas em um cantinho na sala de casa.
A união e parceria do casal fortalecem a vontade de crescer e de melhorar cada vez mais a qualidade de vida, principalmente dos três filhos, que também colaboram com as atividades da família e afirmam o desejo de continuar o trabalho no campo e com a agricultura familiar. “Tem horas que eu penso que eu tô sonhando. Antes minha filha pedia um dinheiro pra merendar, eu não tinha. Hoje os mais novos pedem eu tenho prazer em dar”, relata emocionada a agricultora.
Tristeza não existe mais na casa de Dona Diomar e seu Wilson. A agricultora que, por um período da vida, já sofreu depressão, diz que é o trabalho com as plantas e com a terra que lhe ajuda a superar as dificuldades e ser mais feliz. “Só fico triste agora se as plantas tiverem murchinhas. Mas se ficarem assim, eu corro logo e vou molhar. Nosso lugar é aqui, perto delas, se elas ficam felizes a gente fica também. Deus o livre sair daqui, nunca quero sair daqui”, conclui com firmeza Dona Diomar.
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