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Outra economia acontece e ajuda a manter a tradição da festa junina
22/06/2017
“A fogueira tá queimando em homenagem a São João, o forró já começou, vamos, gente, arrasta pé nesse salão”. Quem não cantou ou se deixou contagiar
por essa música de Luiz Gonzaga em parceria com Zé Dantas? Quem nunca sentou à
frente da fogueira (hoje bem mais limitadas), em frente a casa? Quem nunca
soltou fogos, nunca tomou licor, comeu milho assado, amendoim, ou nunca dançou
um forró? Uma das mais ricas manifestações culturais brasileiras,
principalmente no nordeste do país, as festas juninas continuam sendo tradição pelas
suas comidas típicas e com uma pluralidade de crenças e elementos da cultura popular.
Nos festejos
juninos são oferecidos produtos e ideias que refletem tanto a convivência,
quanto os caminhos para efetivação do desenvolvimento da região Semiárida.
Chama a atenção para os saberes, fazeres e as potencialidades da região,
observando a capacidade de homens e mulheres para o desenvolvimento
sustentável, sem perder de vista a diversidade regional.
Com muita
criatividade boa parte das comidas típicas do período junino é produzida
através da agricultura familiar: mingaus, sequilhos, bolos, canjicas, cocadas, doces
e licores são alguns exemplos das delícias servidas nessa época.
Compras coletivas
Indispensáveis no
cardápio junino, 880 litros de amendoim, 700 espigas de milho e 80 quilos de maracujá,
foram itens da primeira compra coletiva entregues a um grupo de pessoas na sede
do MOC, em Feira, neste 21 de junho. A ideia surgiu quando funcionários e amigos
do MOC criaram um “Grupo de Compras Coletivas” com o objetivo de aproximar quem
produz de quem consome, numa iniciativa que funciona dentro dos Princípios de
Cooperativa de Consumo.
“O grupo recém-criado
começou com 13 e atualmente integra 26 pessoas
dedicadas à compra em comum de
artigos de consumo”, declara Célia Firmo, coordenadora geral do MOC que teve a
ideia inicial de criar o grupo. A qualidade dos produtos e a redução da
distancia entre o campo e a cidade é possível pelo contato direto com
agricultores e agricultoras familiares, sem atravessadores, tornando o preço
justo para quem fornece e para quem adquire.
A aquisição foi
realizada em parceria com 06 (seis) agricultores/as familiares da Fazenda Santa
Luzia e Fazenda Barreiras, localizadas no município baiano de Crisópolis. Gilson Almeida é um
deles. Proprietário da Fazenda Santa Luzia na comunidade do Pacheco cultiva em seu quintal produtivo o milho, maracujá, e variedades de
frutas. “No meu sítio também tem feijão, acerola, cajueiro,
laranjeiras, mangueiras, goiabeira e crio alguns bovinos”, ressalta o
agricultor que não utiliza agrotóxicos em seus produtos e mantém um sistema
voltado para a produção agroecológica, de respeito à natureza com a preservação
do meio ambiente.
Sobre o espaço de
compras coletivas organizado pelo pessoal do MOC, Gilson garante “Vai ajudar
muito a nós agricultores, pois cada vez mais vai potencializar a agricultura
familiar por um preço justo. Para nós agricultores familiares é uma grande
conquista está produzindo nessa época do ano em que as chuvas demorou a
chegar. ”, ressalta o agricultor.
Segundo
o Censo Agropecuário do IBGE (2006), a agricultura familiar é responsável por
77% dos alimentos que chegam à mesa das famílias baianas. A atividade responde
por 44% de tudo que se produz na agropecuária do Estado e é responsável por 81%
da mão de obra das famílias no campo. Além de contribuir
com a preservação da tradição junina a agricultura familiar tem um modo de
produção próprio, uma rica cultura e relação próxima com a paisagem rural.
Iniciativas
Econômicas Solidárias
Os festejos
juninos também se transformam numa grande oportunidade de apresentar
ao mercado os produtos dos Empreendimentos Econômicos Solidários (EES). As
festas chamam a atenção para as potencialidades da região Semiárida.
A pequena Maria Joana, filha da nossa
colega Leane, já é uma “consumidora”dos produtos comercializados pela Cooperativa Rede de Produtoras da Bahia (Cooperede).
“Maria Joana já fez a parte dela, hoje curtiu o São João utilizando tudo dos
EES. Vestido Confeccionado pelo grupo Tiras e Retalhos, da comunidade Campo Grande, de Araci, acessório do cabelo e
sandália da loja Maria Bunita, de
Santaluz e a bolsa comprada na loja Ciranda das Artes, em Feira de
Santana”, ressalta toda orgulhosa sua mãe Leane.
Os produtores e
produtoras rurais organizados (as) em Empreendimentos Econômicos Solidários –
EES e Redes vêm reescrevendo suas histórias na região Semiárida da Bahia.
Muitos desses EES são filiados a Rede de Produtoras da Bahia (RPB) e a Agência
Regional de Comercialização da Bahia (Arco Sertão) e são formados, em sua
maioria, por agricultoras familiares dos territórios da Bacia do Jacuípe, Sisal
e Portal do Sertão, que durante todo o ano comercializam diversos tipos de
produtos.
Nesta época em
especial, licores que variam entre R$ 7,00 e R$ 20,00 reais e bolos com vários preços
e sabores, alimentos diversos e aqueles derivados do milho são comercializados
de maneira direta, em feiras livres ou no Armazém da Agricultura Familiar e
Economia Solidária, localizado em Serrinha, bem como os objetos artesanais de
decoração, calçados e vestuário que também são facilmente encontrados em feiras
e nas lojas da Rede citadas acima.
Nesse contexto o MOC
busca contribuir no empoderamento político, social e econômico dessas mulheres,
pois as experiências mostraram que a geração de renda merecia uma atenção
especial, já que as mesmas já conseguiam adquirir independência financeira e
maior autonomia nas suas decisões. Os grupos filiados passaram a participar de
projetos, a receber assessoria da equipe técnica do MOC na área de comercialização,
com orientações na organização da produção e na busca de novos mercados. Além
disto, com apoio da equipe do Programa de Gênero passaram a aprender como
administrar todo este sucesso dentro de casa, pois, a conquista da
independência financeira reflete na relação familiar.
A Economia Solidária é um jeito de
fazer atividade econômica de produção, oferta de serviços, comercialização,
finanças ou consumo baseado na democracia e na cooperação, o que chamamos de
autogestão, além de ajudar a manter viva nossa tradição junina.
Assista aqui nosso vídeo em celebração aos festejos juninos.
Por:
Maria José Esteves
Programa de
Comunicação do MOC