Publicações
- Inicial
- Publicações
- Geral
“O MOC sou Eu” ecoaram as vozes em Riachão do Jacuípe durante a Caravana MOC 50 Anos
20/07/2017
#2017MOC50Anos
#PorumSertaoJusto
“Pisa ligeiro, pisa ligeiro, quem
não pode com a formiga não assanha o formigueiro”, canto que deu início a culminância
da passagem da Caravana MOC 50 Anos em Riachão do Jacuípe, neste 19 de julho, após
uma manhã inteira de atividades que aconteceram no Colégio João Campos, com roda
de conversa, intercâmbio, audiência pública e oficinas, que envolveram crianças
e adolescentes, agricultores e agricultoras familiares, profissionais da
educação, homens e mulheres do campo.
O momento de ouvir as histórias
de vida das pessoas e de como a história do MOC tem contribuído nas suas lutas
e labutas aconteceu no período da tarde, no auditório do Sindicato local de
Trabalhadores/as da Agricultura Familiar, após uma caminhada desses sujeitos
que formam o MOC pelas ruas da cidade chamando a atenção das pessoas.
A culminância foi toda ela
recheada de emoções. Relatos espontâneos de algumas pessoas arrancaram lágrimas
de outras, ainda mais evidentes no momento quando o MOC prestou uma pequena
homenagem ao companheiro de lutas "Reininho", Renivaldo Miranda Carneiro. “Na
terra você contribui com varias cisternas, que carinhosamente a chamamos de
estrela no chão do sertão, hoje és uma estrela que alumia daí do alto esse
nosso Sertão”, dizia parte da homenagem entregue à família.
A mediação da culminância foi
feita pela técnica Ana Glécia Almeida que num determinado momento perguntou aos
presentes: “E se alguém de outro país, de outro lugar, perguntasse o que é o MOC, o que você
responderia?” e uma pessoa ao fundo se levantou espontaneamente e respondeu “Eu
sou o MOC!” e esta afirmação foi seguida por mais uma, mais outra pessoa, e
logo quase que num coro previamente ensaiado (o que não aconteceu) todos
repetiam “O MOC sou eu!!”, traduzindo um sentimento de pertencimento daquelas
pessoas em relação ao MOC e levando grande emoção àquele lugar, num momento
ímpar.
O MOC sou EU
Dona Gercelina dos Reis lembrou
do padre Albertino e da sua luta para a criação do MOC em plena época da
ditadura. Lembrou ainda dos esforços da equipe MOC tempos depois para colocar
em prática os grupos de produção de mulheres na região. “O MOC nos ajudou a caminhar
com nossos pés”. E toda orgulhosa confessou que fica muito feliz em ter, no
Centro de Formação Comunitária (CFC) onde funciona a Rede de Produtoras da
Bahia, uma sala com seu nome.
As antigas reuniões do MOC
debaixo dos pés de oitis foram lembranças trazidas por dona Luiza Santana, ou “Luizinha”
do Ponto Novo que agradeceu “Agradeço a força do MOC em nos guiar a trabalhar”,
disse. Já a adolescente Camila Vitória
residente no Povoado de Salgado, inserida no Projeto Parceiros por um Sertão
Justo, apoiado pela Actionaid também deu seu testemunho que incluiu a mudança
na sua vida e “na dos trabalhadores da região”, como descreveu.
Representando os movimentos
sociais Theodomiro Paulo lembrou do MOC nos anos 80 e sua preocupação com a
cidadania. “O MOC nos enxergava enquanto cidadãos de direitos. Lembro do Projeto Cidadania em Ação e foi ali que
aprendemos a criar e fazer sindicatos, associações, a entender questões de
direitos, a formatar junto com o MOC
propostas para a Constituinte a favor dos trabalhadores/as rurais. Foi ele que
nos deixou pronto pra vida”, disse e encerrou sua fala afirmando “Sou cidadão
baiano, jacuipense, sindicalista, e acima de tudo sou cidadão formado pelo MOC”,
concluiu.
Entre um canto e outro as falas
seguiam tarde adentro e a emoção continuava. As professoras Maria Conceição e Gilcelma,
e a primeira coordenadora do Projeto CAT em Riachão, Jucy, lembraram da
contribuição do MOC e da importância do Baú de
Leitura, das Cisternas nas Escolas, do projeto CAT criado há 23 anos e de outras ações da instituição em prol da
Educação do Campo Contextualizada.
“Sou agricultor experimentador e
minha construção de vida está junto com o MOC, foi ele que me formou na
realidade da agricultura familiar”, disse Abelmanto Carneiro da comunidade de
Mucambo. Eduardo Emídio foi outro agricultor e empreendedor que em nome dos
demais agricultores/as ali presentes trouxe grande lembranças do trabalho da
instituição em relação a conquista dos direitos das mulheres, convivência com o
semiárido e sobre sustentabilidade. “O MOC é como uma família. É como uma
ferramenta de mostrar como viver de maneira agro ecologicamente correta”, ressaltou.
Muitos outros relatos foram
feitos pela plateia até o encerramento feito pela coordenadora geral do MOC,
Célia Firmo, que falou sobre a importância do ouvir as pessoas nessa passagem da
Caravana nos municípios da região. Também lembrou as primeiras reuniões no
processo de construção do MOC feitas dentro de um fusca pelo padre Albertino e
finalizou dizendo “Enquanto existir essa chama para lutar por pessoas, mesmo
que algumas sequer saibam que o MOC existe, nós vamos lutar, pois assim é o
MOC. Não temos um trabalho, temos uma missão”.
Texto: Maria José Esteves
Foto: Kívia Carneiro
Programa de Comunicação do MOC