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Sessão especial na ALBA comemora a trajetória de 20 anos da rede ASA
27/11/2019
Falar dos 20 anos da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) é dizer sobre os sentimentos que unem um coletivo de luta e resistência, por direitos dos povos do Semiárido no campo e na cidade, formado pelas famílias agricultoras, de comunidades tradicionais, e organizações militantes dos movimentos sociais. Em uma trajetória marcada pelas mudanças nas realidades do Semiárido, a rede ASA foi celebrada na tarde de segunda (25) em uma sessão especial na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), em Salvador/BA, proposta pelas deputadas Neusa Cadore e Fátima Nunes. Com plenário lotado, a cerimônia reuniu integrantes de organizações que formam essa rede de enfrentamentos em defesa da vida e contou ainda com a presença de lideranças políticas.
"Posso dizer da vida de mulher no Semiárido antes e
depois da ASA. Antes [uma realidade] de fome, de sede, de léguas, de lata
d'água, de trouxas de roupa pra lavar, de enfrentamento aos fazendeiros pra ter
acesso à água compartilhada com animais (...). E nesses 20 de anos de ASA o
tempo de mulher foi ocupado na organização da luta. É por isso que lugar de
mulher é na política, faculdade, universidade, nas diversas trincheiras",
destacou Marenise Oliveira, representando as agricultoras e agricultores
familiares. Além das falas políticas, a sessão foi marcada ainda pelos gritos
de lutas, cantorias e místicas que expressam a força, coragem e alegria de ser
ASA, fortalecendo a construção de políticas públicas que garantam vida digna:
“é no Semiárido que a vida pulsa, é no Semiárido que o povo resiste”.
É neste sentimento de resistir e esperançar que a luta permanente é construída e o desejo é de que cada vez mais haja novas conquistas, superando desafios e os recentes retrocessos do Governo Federal nas políticas voltadas para a agricultura familiar, meio ambiente e direitos das classes trabalhadoras. “Estamos aqui nesse dia tão especial, para dizer que vamos continuar a resistir, que nós vamos continuar construindo e que nós vamos vencer”, destacou Naidison Baptista, da coordenação da ASA Bahia. Nesta luta, o protagonismo das famílias do Semiárido ganha visibilidade, fazendo ver que é possível construir a agroecologia, economia solidária e outras formas de resistência. “São vocês agricultoras e agricultores os sujeitos que fazem acontecer a convivência com o Semiárido, são vocês que fazem na propriedade de vocês a convivência (...) Sem vocês nada do que se fala e do que se canta da ASA teria lugar”, esclareceu Naidison Baptista.
Dentre as conquistas, em 20 anos de rede, foram cerca de 1
milhão e duzentas e cinquenta mil cisternas implementadas no Semiárido, com
água potável de qualidade e próximo das casas das famílias que antes percorriam
léguas com a lata d’água na cabeça. “Demonstramos nessa caminhada [de 20 anos
da ASA] que é possível transformar, aproveitar os recursos naturais de forma
sustentável e conseguir fazer com que as pessoas não saiam das suas
localidades, seja no interior ou nas cidades, mas possa viver e viver com
dignidade. Agora isso é luta, resistência e é também política de governo que
foi conquistada com o empenho de todos nós (...) e mesmo hoje atravessando
essas dificuldades de retrocessos no país, reafirmamos com força e com fé, nós
vamos resistir, vencer e alterar essa realidade do nosso Brasil’’, frisou a
deputada Fátima Nunes.
A trajetória da rede ASA persiste, afirmando que ainda há muito o que ser alcançado. “O projeto da ASA é bem maior, é reafirmar todos os dias e construir nessa grande rede com a participação de tantas entidades, que dialogam diretamente com as comunidades, e com as/os trabalhadoras/es.(...) Vida longa à ASA e que a gente também tenha no seu exemplo uma referência muito forte para esse momento de enfrentamento”, declarou a deputada Neusa Cadore. Ao final, a sessão especial na ALBA foi celebrada com uma homenagem à coordenação da ASA e momento da entrega, em nome dos deputados e deputadas da ALBA, de uma placa comemorativa dos 20 anos da ASA à Naidison Baptista.
Texto: Alan Suzart e Luna Layse Almeida
Fotos: Alan Suzart e Kivia Carneiro
Comunicação MOC