Intercâmbio das Juventudes em Matarandiba, Vera Cruz/BA

05/02/2021
Intercâmbio das Juventudes em Matarandiba, Vera Cruz/BA

No mês de janeiro, a pequena ilha de Matarandiba, do município de Vera Cruz, na Bahia, acolheu com muito aconchego, alegria e encantos as juventudes de diversos municípios de atuação do Movimento de Organização Comunitária (MOC), para a realização do Intercâmbio Intermunicipal de troca de saberes sobre auto-organização e protagonismo juvenil no Semiárido, com apoio da Actionaid Brasil. A visita seguiu os protocolos de segurança e cuidados, em decorrência da pandemia enfrentada no país e mundo.

 

Foram lindas e riquíssimas experiências vivenciadas em dois dias, um beber da fonte de saberes e fazeres do cotidiano das pessoas de uma vila, que possui área de Mata Atlântica preservada, quedas d'água, fontes e lagoas, manguezal, ecossistema marinho e belas praias, além da auto-organização comunitária, com rede de empreendimentos econômicos solidários e cultura, além de uma energia revigorante, um sentimento de coletividade e valorização da identidade e as suas memórias, que fortalece a geração de renda de forma sustentável.

 

Nos caminhos de resistências. Entre as belezas do andar. Eu vi em Matarandiba. O povo se organizar. Criando empreendimentos. Gerando conhecimentos. E laços comunitários. Em cada olhar a certeza. Que além de linda em natureza. É lindo em esforço diário!’ (Trecho do Cordel Matarandiba: Ilha do aconchego - Alma Camponesa /Keu Silva).

 

Durante caminhadas e roda de conversa foi possível conhecer e saber mais sobre Mataradinba, com visita ao Cristo na Rua do Cruzeiro, Padaria Sonho Real, Associação Sócio Cultural de Matarandiba (Ascomat), Pontos da comunidade e suas histórias, como as Igrejas locais, em seus Empreendimentos Econômicos Solidários, Banco Ilhamar (moeda local batizada de concha), Rádio Comunitária (Poste) a Voz da Terra e muito mais. 

 

Vale lembrar, do empreendimento comunitário ViverTur, que de forma fascinante faz tudo acontecer, faz parte da rede da economia solidária de Matarandiba, um grupo que faz o turismo de maneira receptiva, calorosa e se empenha em proporcionar as melhores experiências, para que os visitantes desfrutem das maravilhas existentes naquela terra.

 

É possível lembrar ainda, com base nos diálogos com o grupo da ASCOMA do ponto de memória, um museu que preserva as histórias local, do projeto que mantem o ponto de leitura, das manifestações e tradições culturais e festivais, nos quais tentam o incentivo da continuação e de manter vivas através de jovens.

 

“O extraordinário pode ser visível aos olhos dos que se permitem experimentar”. É possível descrever todas as maravilhas vivenciadas naquela raízes, pode-se fazer mais um destaque na Caminhada da Trilha do Pontal e Passeio de Barco até o Tororó, fonte incrível de água doce. No entanto abaixo vai alguns relatos de jovens que intercambiam saberes e experiências, enaltecendo o que mais lhes marcaram:

 

“Os aprendizados que marcou minha viagem, além da beleza imensurável da ilha, foi a sua forma de organização política, social e cultural, a forma que toda comunidade se une para a arrecadação de recursos para os manifestos culturais é inspirador. Sem falar do banco comunitário que sem dúvida é algo marcante e inovador para todos que ali visitam”, ressaltou a jovem Queliane Santiago.

 

Foram muitos aprendizados que marcaram e renovaram nossos anseios enquanto jovens militantes, tais como: União e lutas pela identidade e fortalecimento da cultural local, que através das mobilizações comunitárias podemos alcançar incidências de geração de renda e empregos”, afirmou Rene Matos.

 

“A Comunidade de Matarandiba mostrou-nos, suas imensas riquezas, e saberes, adquiridos ao longo de gerações. Esta viagem inspirou-me a mobilizar jovens para a construção de movimentos culturais. Organizar rodas de conversa, estimular jovens a empreender, em projetos para o crescimento da comunidade”, finalizou Nataluana de Jesus.

 

“Tive uma grande oportunidade de conhecer um povo auto organizado, com uma história de luta e de vida brilhante. O que foi marcante neste intercambio foi o cooperativismo existente na comunidade, com o banco comunitário e a utilização da sua moeda local, onde a figura de cada cédula representa um elemento de Matarandiba”, ressaltou Caíque Abades.

 

“O povo de Matarandiba é um povo hospitaleiro, humano, simples e humilde. Eles demonstraram o amor por sua terra, dava para perceber isso em suas narrativas, eles valorizam e tornam a sua ancestralidade presente. Percebi que algumas tradições são presentes até os dias de hoje, o samba por exemplo. As experiências vividas no intercâmbio me fizeram ter várias motivações, entre elas o gosto pela mudança da realidade da comunidade onde moro, de criar projetos de leitura, de sustentabilidade, de reciclagem para assim gerar emprego, lazer e protagonismo da juventude”, destacou Railine Simões.


 

“Foram experiências maravilhosas e inovadoras, que nos motiva como jovem a acreditar que o convívio em comunidade, pode ser muito mais agradável quando se tem lideranças que fazem a coisa acontecer, como é o caso da ASCOMA que criou um banco e uma moeda local para fomentar ainda mais ainda mais a cultura e o comércio da ilha. E nós faz rever e resgatar aquilo de cultura que há esquecido na comunidade”, frisou  Michel Pamponet.

 

“Matarandiba é uma ilha de muito conhecimento e aprendizagem. E o que mais me marcou naquela localidade foi a organização, a união comunitária e a riqueza de cultura. A comunidade de Matarandiba nos mostrou que com organização união e determinação pode se mudar a nossa realidade, a realidade da juventude”, salientou Vilma Cordeiro.

 

“Uma experiência única e enriquecedora tivemos nesses dois dias em Matarandiba ouvir as histórias de um povo forte e organizado nos deixa cheio de esperança que ainda podemos fazer muito nas nossas realidades, encontrar em uma pequena vila uma riqueza de preservações ambientais e históricas onde se associa a auto-organização econômica, preservação da ancestralidade e o respeito com as habilidades de cada produtor/produtora daquele local desde os/as artesãos/artesãs, marisqueiras, guias turísticos, cozinheiras, lideres comunitários, realizações da própria comunidade e o envolvimento das juventudes nessas atividades”, afirmou José Maria.

 

“Matarandiba lugar de uma natureza que encanta, inspira quem naquele lugar pisa e quem lá pisa fica cheio de conhecimentos e muita história para contar.  Pessoas que sabem viver em comunidade e que luta cada dia por sua cultura e economia. Comunidade com exemplo de organização, cultura, economia solidária, resistência e união”, frisou Valdilene de Oliveira.

 

“O intercâmbio das juventudes, na ilha Matarandiba foi uma experiência simplesmente incrível, linda e inspiradora. A comunidade que fica situada na cidade de Vera Cruz na Bahia, no recôncavo baiano, onde podemos ver um povo guerreiro retira seu sustento do mar e do empreendedorismo, rodeados de uma paisagem de tirar o fôlego”, destacou Wallefe Santana.

 

Um agradecimento especial a ViverTur e ASCOMA por proporcionar momentos incríveis, marcantes e motivadores para as andanças das #JuventudesMOC

 

#ViverTur #Matarandiba #JuventudesMOC #Intercâmbio

 

Cordel: Matarandiba: Ilha do aconchego

 

Nos caminhos de resistências

Entre as belezas do andar

Eu vi em Matarandiba

O povo se organizar

Criando empreendimentos

Gerando conhecimento

E laços comunitários

Em cada olhar a certeza

Que além de linda em natureza

É lindo em esforço diário!

 

Povo alegre e hospitaleiro

Que aconchega o coração

Faz a gente fazer parte

Desse processo de união

Viver em comunidade

Enaltecendo a identidade

Como legado ancestral

Cultura pulsa no peito

A gente percebe no jeito

Desse povo alto astral.

 

Matarandiba é exemplo

De auto organização

Com banco comunitário

Promove sua própria gestão

Tem sua moeda de troca

Isso já nos provoca

O sentimento de autenticidade

Eu sigo aqui matutando

Esse povo me ensinando

O sentido de comunidade.

 

Não posso esquecer do Samba

Que é parte desse lugar

E como herdeira de sambadores

Como não me emocionar?

O pandeiro embalando as Marias

E eu vendo a poesia

Afagada na canção

Meu Deus! Que coisa bonita

Cantar Matarandiba

Sem esquecer meu Sertão!

 

A rádio comunitária

Anuncia a alegria

De quem mora nessa terra

Com cuidado e maestria

A praia encantada

Deixa a mente extasiada

Pelo excesso de beleza

Em outro canto o Tororó

Que com a chuva e com o sol

Mostrou sua grandeza!

 

Vou guardar esse viagem

No potinho da saudade

Pra sempre que tiver triste

Beber da felicidade

Que esse lugar me despertou

E tudo que me tocou

Não dou conta de falar

Agradecer a Vivertur

E me lembrando do Ubuntu

A ASCOMAT parabenizar!

 

 

Alma Camponesa/ Keu Silva

 

 




Texto: Vaninha Cunha