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MOC realiza seminário sobre participação política e desigualdades no acesso às políticas públicas para Mulheres Rurais
26/09/2024
Nos dias 25 e 26 de setembro, o Movimento de Organização Comunitária (MOC) promoveu o seminário “Mulheres Rurais: Participação Política e Desigualdades no Acesso às Políticas Públicas”, reunindo mulheres dos municípios contemplados pelo projeto “Mulheres Rurais: Autonomia, Alimentação e Vidas Saudáveis”, financiado pela Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (ANATER). O evento teve como objetivo central refletir sobre a participação sociopolítica e a autonomia econômica das mulheres rurais, destacando a agroecologia e o acesso a políticas públicas como caminhos para superar desigualdades de gênero e raça.
No primeiro dia, diversas palestras e painéis abordaram questões fundamentais para o debate sobre o papel das mulheres rurais na sociedade. A professora e pesquisadora Juliana Araújo discutiu a invisibilidade do trabalho doméstico e de cuidados, enquanto Célia Firmo, coordenadora do MOC, trouxe reflexões sobre a participação política das mulheres em espaços decisórios. Josenildes Costa destacou a importância da agroecologia e da economia feminista e solidária para a autonomia das mulheres, e Francisca Fonseca, educadora popular e militante quilombola, discutiu as desigualdades de gênero e raça que afetam profundamente as mulheres rurais. O seminário deu destaque à importância do reconhecimento do trabalho não remunerado e ao papel essencial das políticas públicas em promover a equidade de gênero e raça no campo.
No segundo dia, o foco foi voltado para atividades em grupo, nas quais as participantes construíram o “Rio da Vida das Mulheres”, um exercício coletivo de reflexão sobre os desafios, crises e avanços na participação social e no acesso a direitos. A atividade proporcionou um espaço para as mulheres expressarem suas histórias de luta e superação, fortalecendo a percepção do impacto de suas conquistas na vida coletiva e individual.
Um momento marcante foi o depoimento de Eva Góes, agricultora familiar e beneficiária do projeto, que compartilhou sua experiência pessoal ao longo dos anos:
"Antes, a assinatura das mulheres não valia de nada. Quando eu casei, os guardas da Sucan passavam pela minha casa perguntando pelo chefe da casa, e se eu dissesse que ele não estava, eles iam embora sem eu assinar. Naquele tempo, minha assinatura não servia para nada. Hoje, graças à nossa luta e às políticas públicas, a minha assinatura lá em casa vale muito mais que a do meu marido."
O relato de Eva destaca a transformação que a participação das mulheres nas lutas por direitos trouxe para suas vidas.
O seminário também contou com a participação de diversas organizações parceiras, como o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR), a Cooperede, o Movimento de Mulheres Dandaras do Sisal, e a Secretaria de Políticas para as Mulheres de Araci. Essas colaborações reforçam a importância da articulação entre diferentes grupos e instituições no fortalecimento de estratégias que visam a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
O evento destacou a importância da participação ativa das mulheres rurais em espaços de tomada de decisão, especialmente na construção e acesso a políticas públicas que promovam sua autonomia econômica e a equidade de gênero. O seminário reforçou a necessidade de continuar fortalecendo as lutas coletivas e as redes de apoio para a superação das desigualdades que ainda persistem no campo.
Com esse seminário, o MOC reafirma seu compromisso em promover a participação sociopolítica das mulheres rurais e em construir um futuro mais inclusivo e igualitário para todas.
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