Gestores públicos se voltam para debater educação do campo

18/03/2008

O Movimento de Organização Comunitária, em parceria com a Universidade Estadual de Feira de Santana e a Universidade Complutense de Madrid, promoveu no dia 14 de março, na Pousada Central, em Feira de Santana, o Encontro de Construção de Políticas Públicas de Educação do Campo e Leitura com gestores municipais que refletiram a importância de construir, definir e executar políticas municipais de educação do campo no processo de construção do desenvolvimento territorial sustentável. 

Compareceram ao encontro gestores públicos de 16 municípios, entre prefeitos e secretários de educação dos Territórios do Sisal e Bacia do Jacuípe: Conceição do Coité, Valente, Ichu, Quijingue, Lamarão, Candeal, Valente, Monte Santo, Nordestina, Barrocas, Itiúba, Cansanção, Riachão do Jacuípe, Queimadas, Retirolândia, Araci. Os representantes dos municípios socializaram e analisaram as experiências de educação do campo existentes, além de reverem os índices educacionais, reforçando o debate sobre a importância da educação rural contextualizada na busca de melhorias na gestão educacional.

Como resultado do encontro diagnosticou-se que em alguns municípios a metodologia da educação contextualizada, através do Projeto Conhecer, Analisar e Transformar a realidade do Campo CAT está presente em 100% das escolas, e que o Projeto Baú de Leitura representa uma revolução no comportamento das crianças. Uma delas é o fato das crianças serem mais desinibidas, aflorarem talentos artísticos e desenvolverem maior consciência social.

Muitos gestores saíram contagiados com o sucesso desses municípios que já tem uma caminhada maior com estes projetos, e o compromisso firmado foi expresso no desejo que todos demonstraram de levar a experiência para onde ainda não tem, e ampliar o que já existe. Foi também questionado a maneira com a educação do campo esta contemplada nos Planos Municipais de Educação e como ela pode ser colocada nos orçamentos, para ser assumida enquanto política. 

Momento de Intercâmbio - Durante a socialização muitas informações e vivências foram trocadas. Em Quijingue, segundo Viterba Pereira de Andrade, Secretária de Educação do município, criou-se a cultura de que todos são responsáveis pela escola, e neste sentido as ações em prol da melhoria do espaço escolar estão acontecendo. “Já foram realizados mutirões para a troca de telhado, pintura e conserto de banheiro. A iniciativa não fica concentrada apenas nas mãos do poder público, e isto é conseqüência de uma nova mentalidade criada a partir destes projetos”.

Para Ivan Nilson Reis, o Baú de Leitura mexeu com professores e alunos e “o professor também está lendo mais que antes”. Diante dos benefícios do projeto, muitos dos presentes contaram que realizam a troca de baú não somente de escola para escola, mas também de município para município. Como exemplo do intercâmbio, os representantes de Nordestina se sentiram estimulados e irão realizar o intercâmbio com o baú de 5ª a 8ª serie que existe em Barrocas. 

A experiência de cada um - A experiência de Educação do Campo, que começou há 12 anos com apenas três municípios, hoje está presente em 12 e é experiência modelo para outros Estados, como os da região Sul do país. Os projetos CAT e o Baú de Leitura fazem diferença na educação de municípios como Nordestina, que tem hoje na educação rural um forte aliado para que os alunos do campo não abandonem a sua escola em busca das situadas na sede. O município possui 1.582 crianças vivenciando a leitura contextualizada.

Cleuza Cordeiro, Secretária de Educação do município de Candeal, afirma que vai aproveitar muito dos depoimentos ouvidos e buscar levar a proposta do CAT que ainda não existe em Candeal. “Nós ainda não temos a educação do campo em nosso município, eu vou fazer o possível para implantar lá. O que mais chamou atenção no CAT, foi a experiência de identidade que Quijingue desenvolveu no campo e o orgulho que eles construíram”.

As dificuldades também se apresentam em alguns municípios, nem todos estão abertos a mudarem de metodologia, ou ainda questões a nível pedagógico, como letramento em Santa Luz. No entanto esta resistência, segundo Naidson Baptista, Secretário Executivo do MOC, representa um novo desafio, pois a partir de problemas é possível construir novos e melhores caminhos.

"É preciso que muito mais pessoas se envolvam para que esta discussão não se torne apenas de cunho pedagógico", opina Aparecida Cézar, Secretária de Educação de Santa Luz. De acordo com a Secretária tem tido muitos avanços no diálogo entre o CAT e Escola Ativa. A escola ativa tem sido avaliada, mas com muito dialogo entre os professores. “Queremos que os próprios professores absorvam de forma democrática havendo o diálogo maior, creio que em pouco tempo Santa Luz estará com o CAT em 100%” afirma.


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