"Do sisal para os livros"

26/03/2008

De todas as matérias que fez no ano de 2007, uma em especial chamou a atenção do repórter Vladimir Ramos da TV Subaé, a de título “Do Sisal para os livros”, que ele escolheu para inscrever no 9º Grande Prêmio Airton Senna de Jornalismo e hoje encontra-se entre as quinze semifinalistas na categoria Televisão. A matéria apresentou a temática do trabalho infantil através da história de Breno Santiago, um garoto de 12 anos, da comunidade de Lagoa Grande, em Retirolândia, que deixou o trabalho na lavoura do sisal para se dedicar aos estudos na Jornada Ampliada.

Essa é a mesma história dos muitos meninos e meninas do semi-árido baiano, no entanto a transformação na vida de Breno despertou o olhar do repórter, que acreditou na desenvoltura do garoto quando a produção do Programa Globo rural solicitou a matéria.  O encontro com Breno aconteceu no mês de setembro, nas comemorações pelos 40 anos do Movimento de Organização Comunitária (MOC). “Acreditei no garoto, principalmente porque vi no trabalho de educação realizado com ele e outras crianças quando fui fazer a matéria, o diferencial na aprendizagem e desenvoltura”, conta.

Para Antonio Santos Gordiano, monitor da Jornada Ampliada em Retirolândia, a matéria surtiu um efeito muito positivo, por que estimulou as outras  crianças e adolescentes. “Tanto nós profissionais, como os alunos nos sentimos valorizados, em saber que não estamos esquecidos e que o nosso trabalho é reconhecido. Quando um se destaca cria animo no outro para enfrentar as dificuldades e estudar com mais determinação”.

O Prêmio Grande Airton Senna de Jornalismo é uma iniciativa do Instituto Airton Senna, e está na sua nona edição. Voltado para premiação de jornalistas nas categorias Revista, Jornal, Televisão, Fotojornalismo e Rádio, o tema desta edição foi Educação para o Desenvolvimento Humano. Em maio serão divulgados os cinco finalistas de cada categoria. Os vencedores serão conhecidos na noite de premiação, em 4 de junho de 2008, no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo.

A visão do semi-árido - Para o jornalista Vladimir Ramos o olhar do que é Semi-árido mudou através da cobertura que vem realizando na região. Nascido no Rio de Janeiro, ele afirma que ao chegar a Bahia trazia a mesma visão construída pela mídia nacional. “A imagem que eu tinha era aquela que a imprensa reproduz: muita seca, sofrimento e abandono, hoje eu percebo que isto existe, mas que também há um outro lado, o das pessoas que não se acomodam com isto, que fazem o possível para melhorar, como o trabalho desenvolvido pelo MOC”. Para ele o desprendimento de Breno é um exemplo de como as iniciativas de educação tem dado certo.

Vladimir também inscreveu a matéria no Premio BNB de Jornalismo e afirma ser consciente da importância da ação da mídia para que a sociedade tome conhecimento das necessidades da região semi-árida. Embora esta cobertura ainda seja muito pequena, ele também destaca as dificuldades em realizá-la. “A distância de alguns municípios às vezes é um grande entrave para realizarmos a cobertura, e o número de equipes é pequeno”. Outro problema que ele aponta é a própria falta de uma estrutura de comunicação nestas cidades. “O que sabemos normalmente nos é passado apenas pelo MOC, não há este intercambio de informações”, ressalta.
 
Em breve o MOC lançará um DVD com a clippagem TV Subaé, das matérias que tematizaram o Semi-árido no noticiário de uma forma diferente, destacando os resultados de ações de desenvolvimento sustentável na região que ajudam  a transformar a vida dos sertanejos.


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