MOC recebe homenagens em Sessão Solene no município de Ichu

21/08/2017
MOC recebe homenagens em Sessão Solene no município de Ichu

#2017MOC50Anos
#PorUmSertãoJusto

Um dia de grandes emoções marcadas por lindas homenagens e depoimentos feitos ao Movimento de Organização Comunitária – MOC para celebrar seus 50 anos, aconteceu hoje (21/08) no município de Ichu.

O MOC vem realizando sua Caravana MOC 50 Anos – Por um Sertão Justo desde março de 2017 e realiza um conjunto de ações voltadas para a missão e os objetivos estratégicos da instituição que acontece com a ativa e efetiva participação das pessoas, com quem vem construindo sua história através de ações itinerantes em municípios que concentram projetos das diferentes áreas programáticas da instituição.

Ichu é um município que tem sua história construída com as contribuições do MOC especialmente para as inúmeras famílias agricultoras que viveram um passado de opressão e submissão. O MOC ajudou às famílias, crianças, jovens, homens e mulheres a compreender sobre seus direitos e por ter constituído a partir desse trabalho, hoje foi lindamente homenageado. A vereadora, Lúcia Maria, encaminhou à Câmara Municipal de Vereadores do município de Ichu a realização de uma Sessão Especial para homenagear o MOC.

“É com muito prazer que estou homenageando esta instituição que a agente sabe que tem a importância para este município. O Ichu sem o MOC não seria o mesmo e o nosso carinho especial a Albertino Carneiro essa pessoa que teve a brilhante ideia de fundar esta instituição tão séria e muito importante para o Sertão Nordestino. Desde meu primeiro mandato que sempre desejei fazer homenagem e hoje com ajuda de alguns parceiros estamos realizando essa sessão que casou bem com as comemorações dos 50 anos do MOC”, ressalta a vereadora Lúcia Maria.

Para Albertino Carneiro, fundador do MOC, presente na seção solene junto com sua irmã e Chica, além de técnicos e técnicas ressaltou, que “o momento foi bonito relembrei histórias, encontrei amigos e juntos assim como no passado tempo oportunidade de ainda construir mais caminhos para os nossos direitos”, completa.

Pessoas convidadas na sessão especial puderam relatar as transformações de vida que a instituição conseguiu realizar ao longo desses anos na construção de direitos e cidadania.

Depoimentos
A história do MOC é construída por todas as pessoas que buscam o bem comum para todos e todas. Na sessão solene, não faltou lágrimas a partir de cada lembrança, não faltou vozes, não faltou calorosas palmas.

Antônio Gomes, falou sobre a organização social e relembrou “nos anos de 65 eu encontrei com a sigla JAC – Juventude Agrária Católica, movimento onde eram feitas reuniões de reflexão que discutia a situação e a necessidade da vida digna de cada ser humano”. Ressaltou Albertino ainda enquanto padre e quanto foi importante para a caminhada pois, “as reuniões, celebrações eucarísticas, homilias, cantos foram apropriado para este serviço de lutas no nosso sertão sofrido. Daí surgiu a AMI – Associação de Moradores de Ichu e com ela outras atividades incluído a sua atuação em demais comunidades, muitas ações como curso de pedreiros, corte de costuras, eletricista e muito devemos ao MOC pela construção de todas as nossas organizações”, completa.

O MOC desenvolveu ações voltadas para a Educação do Campo como CAT e Baú de Leitura foi relembrado pela coordenadora do CAT Maria Lúcia Anunciação “falar da trajetória do MOC é falar de gente e a gente não pode falar de gente sem falar também de tudo aquilo que está escrito nas letras dos livro do Baú de Leitura. Tudo isso faz parte de tudo que o MOC nos ensinou: a ser gente, a valorizar a gente, a conhecer a nossa gente e a reconstruir a nossa história”.

A educadora Raimunda Meire Pires, ressaltou a transformação da sua vida a partir da formações do MOC. “O MOC com certeza não agradou as estruturas de poder que humilham o nosso povo. Quero lembrar que não apenas as crianças e famílias, mas também da alfabetização para jovens e adultos nos possibilitou uma formação ímpar para dizer que nós somos capazes. E vocês estão olhando para duas jovens negras do campo que o MOC conseguiu abrir horizontes e hoje eu faço questão de ensinar as minhas crianças tudo que eu aprendi com essa instituição”, completa.

Luiz Gonzaga, Lula, presidente da APAEB ressaltou sobre a importância dos projetos de água para o município, “eu vi tudo isso começar. A água é vida, é saúde, educação e é compromisso. E nós trabalhamos sob a orientação do MOC a campanha de não trocar voto por água e essas três letras que representam o nome MOC fala tudo: compromisso, respeito e dignidade. Se Ichu consegue armazenar milhões de litros de água por conta dos projetos do MOC que ajudou a fortalecer muitas famílias do nosso município. Obrigado MOC”.

A luta pela terra no município de Ichu também foi marcada pela ação do MOC contribuindo com as famílias pobres daquela época para conseguir seus direitos, relembra a agricultora Vera Lúcia, que ressaltou a história de seu pai José João, e a luta pela terra na fazenda Morro Redondo. Ela ressaltou as dificuldades que ele viveu a partir de um acidente e teve seus direitos negados. Conseguindo assim participar do sindicato e muitas vezes sob ameaças de morte consegui encontrar Albertino representante do MOC que ajudou nas ações jurídicas uma luta travada por 14 anos onde conquistou o direito das terras. “O MOC ajudou a saber o que é resistência e a atuação do MOC contribuindo na formação dos Trabalhadores Rurais e meu pai com 93 anos com dificuldades de falar não esquece de Albertino e tudo que ele conseguiu”, completa.

Falar do MOC é relembrar todas as ideias e motivação de Albertino. Seu Adalberto, foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores por dois mandatos, relembrou vários momentos junto a Albertino onde conseguiram projetos com diversas instituições para o município de Ichu.

Não é simplesmente ter a água e a terra plantar e não ter a consciência do consumo. O MOC já pensava no consumo de alimento saudáveis com os pequenos projetos de horta. Assim ressaltou Dodora da Fazenda Canavial.

Cristina Brito, atual presidente do SINTRAF, ressaltou sobre os direitos das mulheres. “Quero agradecer a Célia Firmo, Vandalva, Selma, Adla e Cátia, pois com elas eu aprendi e aprendo a ser mulher e a ter o meu espaço garantido. Eu vi minha mãe sofrendo muito e eu vi o MOC dá essa oportunidade de libertação para nós mulheres, e eu não queria viver como minha mãe eu queria ter um rumo diferente com mais possibilidades e conquistas”.

O MOC contribuiu também na comunicação comunitária fortalecendo a comunicação como um direito onde a formação da ABRAÇO-Sisal ajudou a inúmeras rádios Território do Sisal. “A Rádio Comunitária Independente FM do município de Ichu, viveu processos de muitas dificuldades mas nós participamos de oficinas, formação que contribuíram para que nós estivéssemos aqui hoje além de várias conquistas como o Curso de comunicação na UNEB são frutos de nossa luta”, completa Adailton representante da Rádio Comunitária.

As ações de inclusão social, geração de renda foi citada pela professora Dalva que coordena o Centro São João de Deus. Ela relembrou a importância do MOC na sua formação. “A chegada do Pe. Leopodo para Ichu teve total influência de Albertino. Pe. Leopodo não era bom na contabilidade e os recursos que vinham da Espanha pra o centro o MOC foi quem nos ajudou com os serviços contábeis. Então nós já nascemos filhos do MOC. Além disso o Centro foi por muito tempo expositor de várias tecnologias agrícolas e nós recebemos várias visitas para conhecer a tecnologias que o MOC implementou”, completa. Ela citou também os empreendimentos, da geração de renda e inclusão da mulheres através de grupos de mulheres que fazem parte da Cooperativa de Produção Comercialização e Serviço Padre Leopoldo Garcia Garcia – COOPERAGIL.

Cada linha de atuação do MOC foi ressaltado como exemplo de luta e resistência. Gisleide Carmo, coordenadora do Programa de Fortalecimento a Empreendimento Econômicos Solidário – PFEES, representou a instituição e citou a pessoa do técnico Luizinho como referência para muitos técnicos. Falou das experiências vividas no Centro São João de Deus e demais experiências que Ichu pôde viver junto ao MOC e o MOC ser o que é pelas pessoas que construíram sua história. Gisleide citou a participação de jovens a permanecer no meio rural e o quanto o MOC incentivou vários jovens através do projeto PROSPERAR e construírem novas histórias.

Os vereadores e vereadoras da casa fizeram suas homenagens ao MOC ressaltando a importância para o crescimento do município e a mudança de vida das pessoas.

Albertino representando o MOC ressaltou o início de sua história fazendo lembrança de sua pai e sua mãe. Trouxe histórias vividas e lutas travadas que precisou enfrentar para que o MOC pudesse existir. Trouxe ainda a lembrança do canto Nossos direitos vêm! Nossos direitos vêm! Nossos direitos vêm! Se não vêm nossos direitos, o Brasil perde também. Confiando em Cristo Rei que nasceu lá em Belém, / E morreu crucificado porque nos queria bem / Confiando em seu amor, se reclama até doutor / Mas nossos direitos vem, fazendo referência a busca de direitos sem esmorecer. “Estou emocionado com tudo que vivi, forma lembranças e recordações de caminhos, de pessoas e um luta incansável pela cidadania. Enquanto o MOC existir ele deve estar pelas pessoas mais necessitadas, ele deve brigar pelos direitos, ele deve buscar cidadania, isso significa o MOC”, completa.

Foram entregues placas de homenagens, presentes e lembranças finalizando a sessão solene em homenagem aos 50 anos do MOC – Por um Sertão Justo.

Texto e Fotos: Kívia Carneiro
Programa de Comunicação do MOC