Publicações
- Inicial
- Publicações
- Geral
Muita emoção na entrega da Medalha 2 de Julho ao teólogo Naidison Baptista
22/12/2017
“Colher a água,
reter a água, guardar a água, quando a chuva cai do céu, guardar em casa,
também no chão e ter a água se vier à precisão”. Foi com essa canção
característica do Semiárido rico em possibilidades, que a plenária da Assembleia
Legislativa da Bahia - ALBA recebeu o ilustre convidado, o teólogo Naidison de
Quintella Baptista para receber a maior honraria concebida por essa Casa, na
tarde dessa quinta-feira, dia 21 de dezembro, no Centro Administrativo da Bahia
- CAB, em Salvador, que teve como autora da homenagem a deputada Fátima Nunes
(PT).
A emoção tomou conta
do homenageado, como ainda de cada um/uma que lotando aquela Casa, recebia
também um pouco dessa homenagem, gente que caminha e aprende diariamente com
esse grande mestre, que defende que a convivência com a região semiárida,
garante qualidade de vida da população. Naidison é o Coordenador Nacional da
Articulação Semiárido Brasileiro – ASA, tendo formação na Universidade Católica
de Salvador e Universidade Gregoriana de Roma e Instituto Litúrgico de Trier,
na Alemanha, nas quais concluiu seu Mestrado. O ativista do Movimento de
Organização Comunitária – MOC, no qual foi Secretário-Executivo, responsável
pelo processo participativo de planejamento e gerenciamento da entidade e
Técnico em Desenvolvimento Social.
A mesa da ALBA foi
formada por autoridades e figuras importantes, como parceiras nessa caminhada
do militante das causas sociais, esteve presente além da proponente deputada
Fátima Nunes, representando o governo do estado Jerônimo Rodrigues (Secretario
de Desenvolvimento Rural), o filho de Naidison Luís Ângelo Baptista, Elisângela
Araújo (Fórum Baiano de Agricultura Familiar), Carlos Eduardo (Conselheiro de
Segurança Alimentar e Nutricional da Bahia) José Jerônimo (Presidente do MOC),
Cezar Lisboa (chefe de gabinete da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e
Desenvolvimento Social), deputada estadual Neusa Cadore (representando a
bancada feminina), o deputado federal Afonso Florêncio e Cícero Felix
(Presidente da Articulação do Semiárido Brasileiro).
A deputada Fátima
Nunes discursou sobre a força, trajetória e transformação do Semiárido,
idealizado pelas ações e lutas de Naidison e todos/as que seguem essa linha de desejo
de ver um lugar, mais digno e justo de se viver. “O sertão existe e precisamos
dele rico e feliz (...). Que a gente possa guardar no coração a lembrança, a
força e continuar lutando para que o nosso nordeste, o nosso semiárido baiano,
que essas energias possam concentrar forças positivas, na busca de políticas
públicas de convivência e ação de dignidade para que o Semiárido seja vivo de
homens e mulheres felizes”, relatou a deputada.
“Estamos aqui para
ser homenageado com você, como você pediu. Você fala a homenagem não é minha, é
nossa, é do povo do semiárido (...). Às vezes eu lhe vejo como um espinho de mandacaru,
afiado, cortante, penetrante nas críticas duras, doe, vai fundo, mais elas são
reais, leais, elas são justas. Ao mesmo tempo, eu lhe vejo, como uma flor de maracujá,
uma beleza impressionante e uma sensibilidade fantástica. Nós, povos do
semiárido, queremos lhe agradecer e homenagear muito por toda dedicação, por toda vida doada pelas
diversas formas de vidas do Semiárido”, ressaltou Cícero Feliz.
O filho Luís Ângelo
também pronunciou algumas palavras, sobre o grande ser humano, que Naidison
representa para sociedade, como pelo excelente pai que ele é. “A comparação que
faço da vida do meu pai é que parece um ciclo de plantação, isso passa por
semear e multiplicar, eu vejo meu pai com essa capacidade (...). Eu estou aqui
representando minha família, mas também todos vocês, obrigado a vocês que são
meus irmãos nesse processo (...). Ele nos ensina sempre o verbo esperançar, não
de esperar, mas de acreditar. Obrigado a todos! Pai estamos juntos”, expressou
o filho do homenageado.
O ilustre militante,
Naidison começou seu discurso, depois de receber a Medalha 2 de Julho com muita
emoção e alegria, caracterizando como um momento muito bonito, diante das
coisas triste e ruins que vem acontecendo hoje no Brasil, como a destruição dos
direitos, principalmente a dos mais pobres. “É um momento bonito, porque ele é
coletivo, ele não é meu, ele é nosso, eu quero afirmar isso aqui com todas as
letras e com toda a força. Eu não faria nada do que eu fiz coisas boas ou
ruins, se eu não tivesse arrodeados desse monte de gente, que juntos construímos
um semiárido melhor”, frisou Naidison que ainda destacou sua esposa Maria Francisca
Baptista, a querida dona Chica, como sua fortaleza nesse processo, “Nos olhamos
na mesma direção, por isso deu tão certo”.
Naidison ainda
apontou as trajetórias históricas na sua vida, abordando a linha do tempo de
construção das ações do MOC , como do semiárido, erradicação do trabalho infantil,
mulher com protagonismo e igualdade, educação do campo contextualizada, empoderamento
dos grupos de homens e mulheres da economia solidária e agricultura familiar,
além dos processos de acesso a água e a produção agroecológica, em um contexto
fundamental para a convivência com o Semiárido.
“Nós precisamos
fazer desse momento, dessa comenda, a celebração do Semiárido, que não é lugar
de terra rachada, que não é lugar de animal morto, não é lugar de faminto. É
terra de gente inteligente, lutadores, o semiárido é tão inteligente, que todos
os governos do Brasil tentaram matá-lo e ele continua resistindo (...). Esse
ato aqui só tem sentido se renovarmos a nossa fé, o nosso compromisso, a nossa perspectiva
de vida, de lutar por um semiárido descente, pela agroecologia, pela perspectiva
de vida das mulheres, pelas sementes, pela água, por um Semiárido que seja digno
de seus filhos e suas filhas. Muito Obrigado”! Fortes e lindas palavras do teólogo
Naidison de Quintella Baptista.
Texto: Robervânia Cunha
Fotos: Alan Suzart
Programa de Comunicação do MOC