Trajetória dos 10 anos da ASA é refletida em encontro

30/10/2009

Durante os dias 29 e 30 de outubro estiveram reunidos na Pousada Central, em Feira de Santana, diversas lideranças da sociedade civil, entre representantes de associações, igrejas, sindicatos, agricultores e agricultoras, que integram as comissões executivas municipais, para realizarem o Encontro Microrregional da Articulação no Semiárido (ASA Bahia). Na pauta do encontro as lideranças debateram sobre temas defendidos pela Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), como acesso à água, acesso à terra, segurança alimentar, combate à desertificação e educação contextualizada.

A ASA Bahia executa através de diversas entidades no estado, entre elas Movimento de Organização Comunitária (MOC) em Feira de Santana, e a Associação dos Pequenos Agricultores Familiares (APAEB) em Serrinha, o Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semi-Árido, que é responsável pela construção de cisternas voltadas para captação de água da chuva para beber e cozinhar, através do Programa Um Milhão de Cisternas, e a promoção de água também para produzir, através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2).

Discutindo as transformações ocorridas na região após as ações da ASA, várias conquistas foram pontuadas, entre elas, a liberdade quanto ao acesso à água, como destacou o agricultor Otávio Barreto. “Antigamente as famílias imploravam por carro-pipa e havia a dependência política, hoje os políticos são quem solicitam as famílias e elas não aceitam colocar água de barreiro na cisterna”, afirmou Otávio Barreto.

“Antes o movimento sindical debatia o abastecimento da zona rural com o carro pipa, hoje ninguém fala mais nisso, só se fala em cisterna”, enfatizou Antônio Carneiro, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pé de Serra.

Na Região de Feira de Santana o P1MC já construiu cerca de 300 cisternas voltadas para o consumo humano, em dez comunidades rurais, e 215 em Serra Preta, que estão em fase de finalização. Hoje, o programa que atua nos territórios do Portal do Sertão, Bacia do Jacuípe e Sisal, já conseguiu construir 10.067cisternas de consumo, que se juntam a mais 1.939 cisternas de consumo humano e 90 de produção, em processo de finalização e construção, através do convênio com a Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (SEDES).

Água para produzir - Para Silvaney Santiago, coordenador do P1+2, esses programas estão possibilitando a transformação da qualidade de vida do homem do campo. “As conquistas são muitas. Melhoria na qualidade de vida é uma delas, uma vez que é garantido o acesso descentralizado à água, valorizando o conhecimento de agricultores e agricultoras, e a permanência na sua propriedade, com água para produzir o alimento para família e geração de renda”, disse Silvaney Santiago.

O programa traz a proposta de armazenar água para produção de alimentos nas comunidades rurais onde a água não chega, através de tecnologias como a cisterna-calçadão, a bomba d’água popular e o tanque de pedra que possibilitará também a criação de animais, outra fonte de renda para os agricultores. Atualmente o programa que atua em 10 municípios, já realizou o curso de Gerenciamento de Água para Produção de Alimentos com 238 famílias, e dessas, 28 já estão com cisternas em processo de construção e finalização.

300 mil famílias com água para beber - O Encontro Microrregional é preparatório para dois outros encontros, o Estadual, que acontece nos dias 05 e 06 de novembro, em Salvador, e o Encontro Nacional da Articulação do Semiárido Brasileiro (ENCONASA), que será realizado em Juazeiro, na Bahia. A ASA comemora durante o evento 10 anos de trabalho e conquistas, uma vez que hoje possui o número de 300 mil famílias de nove estados do Nordeste e Minas Gerais com acesso à água.

Para Tereza Rocha, agricultora familiar e presidente da APAEB Serrinha, que desde o princípio acompanha as ações da ASA, os impactos na vida das pessoas são diversos. “Há mudanças extraordinárias com relação ao conhecimento, crescimento, levantamento da auto-estima, participação em espaços sociais, possibilidade de produzir a mais e com qualidade a partir da agricultura familiar, artesanato, enfim, com a conquista das cisternas ganhamos mais tempo, melhoramos a renda e a saúde, por que até o índice de doenças, causada por verminoses diminuiu”, destacou Tereza Rocha.


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