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Feira de Santana teve experimento da tecnologia criada por jovem da Bahia que levou Prêmio nos EUA
24/04/2019
A jovem Anna Luisa
Santos, de 21 anos, que se formou em Biotecnologia pela Universidade Federal da
Bahia (UFBA) em 2018, que criou uma tecnologia, batizada de
"Aqualuz",
para filtrar água através da luz solar em regiões do Semiárido e levou prêmio
nos EUA, junto a outros três estudantes que abraçaram a ideia, uma premiação de
R$ 25 mil, com o segundo lugar na competição HackBrazil, evento brasileiro de tecnologia,
em Boston (EUA), que premia iniciativas empreendedoras.
A final aconteceu no dia 5 de abril durante a Brazil Conference, reunindo 400
startups de tecnologia na competição.
A
criação do sistema de filtragem sustentável, para ser ligado a cisternas que
utiliza radiação solar, para tornar a água contaminada própria para consumo, em
regiões que passa por logos períodos de estiagens, teve experimento
implementado em cidades de quatro estados do Brasil, entre elas, na Bahia, o
experimento foi feito no município de Feira de Santana, em cisternas de placas
da família de Maria Normelia de Freitas comunidade Lagoa Grande, e outra da família
de Lúcia Santana, comunidade Lagoa da Negra, ambas as comunidades do distrito
de Maria Quitéria, que são acompanhadas pelo técnico Itamar Alves por meio da Assistência
Técnica e Extensão Rural (ATER) pelo Movimento de Organização Comunitária (MOC)
em parceria com a Cooperativa de Consultoria Pesquisa e Serviços de Apoio ao
Desenvolvimento Rural Sustentável (COOPESER).
Segundo
o técnico Itamar Alves que acompanhou a jovem, na implementação do experimento,
foram quatro visitas nas cisternas das famílias, que receberam a tecnologia com
muito gosto e curiosidade para saber sobre os benefícios poderia lhes proporcionar.
COMEÇO
Para
Anna Luisa a ideia de criar o projeto, iniciou aos 15 anos, tempo em que
cursava o ensino médio. "Tive a ideia para participar do Prêmio Jovem
Cientista, em 2013, ano internacional de cooperação pela água. A minha ideia
foi realmente ajudar a resolver a questão da água potável no semiárido. Na
ocasião, não ganhei o prêmio, mas continuei o projeto até chegar na
faculdade", destacou
Já
na UFBA, Anna contou que ingressou na Academic Working Capital, um programa de
empreendedorismo universitário do Instituto TIM, e pôde desenvolver ainda mais
a ideia, que também já ganhou outros prêmios como o Champion of Water Challenge
by UM, no Fórum Mundial da Água 2018 e o Young Water Solutions Fellowship 2018.
"Eu
me inseri num movimento de startup, e o professor disse que o projeto tinha
potencial. Então, comecei a aprender um pouco mais. Durante esse período, tive
várias monitorias que ajudaram a entender melhor como funciona o negócio. Eu e
os demais estudantes que aderiram a ideia nos destacamos e fomos selecionados
para o HackBrazil, onde ficamos entre os cinco finalistas", ressaltou Anna
Luisa
TECNOLOGIA
Trata-se
de uma caixa de inox que é coberta por um vidro e uma tubulação simples ligada
à cisterna, um reservatório comumente usado para armazenar água da chuva ou de
caminhão-pipa. A filtragem da água ocorre sem a necessidade de uso de compostos
químicos. Como consequência, ajuda na redução dos índices de doenças.
"A
gente teve uma preocupação de desenvolver um sistema que fosse simples e
eficiente para as pessoas, com uma excelente durabilidade", contou Anna
Luisa.
Por
meio da tecnologia, a filtragem ocorre por etapas:
1. Primeiro, a água é bombeada da cisterna até a caixa, por meio de um encanamento, passando por um filtro ecológico que é feito de sisal;
O O filtro ecológico retém partículas sólidas;
3. Depois, já com a água armazenada na caixa de inox, ocorre a desinfecção, em que o líquido é exposto à radiação solar para eliminação dos micro-organismos patogênicos. A alta temperatura na caixa ajuda a eliminar impurezas.
4. Por
fim, um dispositivo acoplado à caixa muda de cor e alerta quando a água pode
ser retirada da caixa, já pronta para o consumo, por meio de uma torneira.
Cada
ciclo de filtragem dura, em média, 4 horas. O dispositivo, que filtra até 28
litros de água por dia, dura cerca de 15 anos apenas com limpeza de água e
sabão, troca do filtro natural (com o estoque de refil já fornecido), sem
precisar de manutenção externa ou energia elétrica. Testes preliminares feitos
em laboratório certificado, que usaram parâmetros do Ministério da Saúde,
revelaram que o "Aqualuz" reduziu em 99,9% a presença de bactérias de
referência.
A
jovem informou, que o aparelho, no entanto, não resolve problemas de
contaminações por metais, químicos, elementos radioativos e nem de salinidade.
Além disso, outro limitador é que funciona apenas com a presença do Sol — em
dias nublados, o ciclo de filtragem demora mais porque requer mais tempo de
exposição.
"O
'Aqualuz' pode ser usado por até três famílias. Por enquanto, a gente indica o
uso só em cisternas. Para rios e postos artesianos tem que ter análise da água
para saber se é possível a descontaminação microbiológica e se tem contaminação
adicional de metais pesados, por exemplo. Nesse caso, o 'Aqualuz' não
resolve", relatou a estudante.
Anna
afirma que 35 unidades do "Aqualuz" já foram implantadas em cidades
de quatro estados no Nordeste: Bahia, Pernambuco, Ceará e Alagoas. O custo do
equipamento é de R$ 500 por unidade, maspara Anna a intenção não é
comercializar diretamente para as pessoas que vivem no semiárido. "A nossa
proposta é vender o projeto para empresas, nosso foco são as empresas grandes,
com iniciativas de responsabilidade e sustentabilidade socioambiental, e também
para órgãos governamentais, para que eles possam implementar e ajudar a
melhorar a qualidade de vida dos moradores do semiárido", frisou.
O FUTURO
O
prêmio de R$ 25 mil que eles ganharam em Boston será usado para ampliação do
projeto e para que possa ser disponibilizado em mais cidades, afirma a
estudante. Também participa da equipe Letícia Nunes Bezerra, aluna do Curso de
Engenharia Ambiental, da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcela Sepreny,
graduanda em Engenharia Química no Centro Universitário Senai Cimatec (BA),
Lucas Ayres, profissional formado em Ciência da Computação pela UFBA,
responsável pelo design e marketing do Aqualuz.
"A
gente vai usar o dinheiro para desenvolver ainda mais o projeto, obter ainda
mais certificações técnicas que atestem a eficiência do produto e implantar no
semiárido inteiro. Estamos fazendo parceria com a UFBA para desenvolver mais
testes. Hoje, já temos laudo que atesta que diz que o produto é eficiente, mas,
como se trata de tecnologia para saúde, a gente também precisa de validações
mais detalhadas. Quanto mais validações, melhor", destaca.
Programa de Comunicação do MOC