MOC realizou o Ciclo de Saberes Por Um Sertão Justo

12/12/2019
MOC realizou o Ciclo de Saberes Por Um Sertão Justo

O Movimento de Organização Comunitária – MOC, realizou nos dias 10 e 11 de dezembro, o Ciclo de Saberes Por um Sertão Justo, na Pousada Central, na Rua Marechal Deodoro. O evento foi uma culminância de uma série de atividades das ações temáticas dos Programas do MOC voltadas para a concretização dos objetivos estratégicos da instituição e sua Missão. O ciclo tem o objetivo de intercambiar as diversas experiências e saberes dos seus diversos públicos. O ciclo teve como parceiros o Kinder Not hilfe(Knh), Terre des Hommes Suisse, Actionaid, Cesol, CAR, Secretaria de Desenvolvimento Rural, secretária do trabalho, emprego, Renda e esporte e ANATER.

O evento no primeiro e segundo dia contou com diversas atividades, à exemplo da Feira da Agricultura Familiar e Economia Solidária, exposição de Fotografias- 30 Anos da Convenção dos Direitos das Crianças, Encontro de Saberes sobre a afirmação da identidade rural e resistência no campo, seminário de avaliação dos processos de Educação do Campo Contextualizada, lançamentos de livros, palestras, audiência pública, encontro de avaliação, rodas de conversas e muito mais.

“O Ciclo de Saberes por um Sertão Justo buscou reunir atores e atrizes dos territórios de identidade da cidadania do Portal do Sertão, da Bacia do Jacuípe e do Sisal, com vista a promover um amplo debate e avaliação sobre as ações e áreas temáticas que o MOC atua, contamos com a participação das mulheres e jovens numa importante audiência para criarmos estratégias de enfrentamento á violência contra meninas e mulheres, contamos também com a participação com educadores/as e educandos fazendo uma ampla reflexão sobre a universalização da educação do campo fortalecendo e ampliando os direitos, agricultores e agricultoras familiares passaram dois dias expondo seus produtos e dialogando suas práticas para uma melhor convivência com o semiárido. O ciclo concluiu suas atividades com um conjunto de pessoas, atores e atrizes buscando alternativas de resistência para efetivação dos direitos e fortalecimento da agricultura familiar”, ressaltou Ana Glécia, coordenadora do Programa Água, Produção de Alimentos e Agroecologia.

Na programação ainda contamos com a convidada especial e palestrante Celi Tafarell, educadora e cientista, doutora e pós-doutoranda e bastante respeitada por todos da área da Educação e do próprio movimento político-social de nosso país, ela chegou para abrilhantar nosso evento com uma palestra magna sobre a atual situação política social e a luta por direitos do povo do Semiárido.

“Toda e qualquer organização que nesse momento levanta as bandeiras da soberania do Brasil, do estado de direitos, da democracia, todas as bandeiras que dizem respeito aquilo que garante a vida digna do povo brasileiro merece todo apoio, nós precisamos cada vez mais de instituições, nós precisamos cada vez mais de pessoas, nós precisamos cada vez mais de pessoas de movimentos partidários que se identifiquem com a luta histórica dos trabalhadores e o MOC está fazendo um trabalho importantíssimo que é ao discutir semiárido, o fazer, reconhecendo que ali vivem seres humanos, crianças, jovens, adultos, idosos que necessitam ter seus direitos garantidos e é isso que nós discutimos numa conjuntura adversa, numa conjuntura fundamentalista, totalitária, que está caminhando a passos largos para um regime fascista. Nós estamos vendo a classe trabalhadora organizadas, suas organizações se levantando e dizendo ”Nós queremos garantir os nossos direitos, os direitos das crianças, da juventude, dos idosos, o trabalho, ao salário, sem guerras, sem repressão”, e isso é muito importante. Parabéns ao MOC e que continuem firmes nas lutas’’, frisou Celli Tafarell. 

Além disso uma audiência pública de Culminância da Campanha pela vida de Meninas e Mulheres, que segue com o propósito de ampliar o acesso a formação e informação na prevenção e enfrentamento a violência contra mulheres e meninas, bem como refletir sobre a desnaturalização da violência contra as meninas e o papel preventivo da família, escola e comunidade, como ainda estabelecer canais de diálogo com o poder público para que esse possa assumir o seu papel na proposição de políticas públicas e ações de prevenções a violência contra as mulheres nos municípios e essa audiência encerra com as atividades da Campanha #PELAVIDADEMENINASEMULHERES.

“Hoje realizamos mais uma atividade da Culminância da Campanha de Enfrentamento da Violência contra meninas e mulheres e reunimos jovens, mulheres, meninos dos municípios do Território do Sisal, Bacia do Jacuípe e Portal do Sertão, muito no sentido da gente fazer um balanço da campanha, das ações que aconteceram, dos efeitos que já se percebe na vida das pessoas, nos municípios, e ao mesmo tempo buscar ouvir dessas pessoas como que o MOC, como é que nós podemos estar melhorando a nossa atuação, como a gente pode ampliar e ter maior adesão da campanha de enfrentamento a violência no ano seguinte. Nossa atividade foi extremamente participativa, os depoimentos, as denúncias partilhadas, mas também a alegria de pensar onde nós estávamos há alguns anos atrás, quando nós iniciamos e onde nós conseguimos chegar com esse trabalho que é feito a partir das organizações das mulheres, das lideranças, também conseguimos avançar significativamente na parceria com o poder público, onde essas ações elas conseguem alcançar um maior número de mulheres e também um maior número de meninas onde ainda era silenciado a violência de gênero, então foi extremamente importante hoje fecharmos essa campanha nesse ano de 2019, tendo as vozes das mulheres, das meninas e também dos meninos ouvidas aqui nesse espaço compartilhando suas vivências e suas experiências”, destacou Selma Glória do MOC.

O MOC mais uma vez reafirma o compromisso com a campanha #Pela Vida de Meninas e Mulheres nos 16 dias de Ativismo pelo fim da violência contra as mulheres, é uma forma de denunciar a violação dos direitos humanos de meninas e mulheres e anunciar a construção de uma cultura de paz, de respeito e solidariedade tem que ser uma luta de toda sociedade.

Aberta ao público em geral, o ciclo contou ainda com a referida Feira Agroecológica e da Economia Solidária que tem como objetivo de chamar a atenção para os saberes, sabores e fazeres e as potencialidades da região, observando a capacidade que tem o homem e a mulher que habitam no Semiárido para oferecer produtos e ideias que refletem tanto a convivência quanto os caminhos para efetivação do desenvolvimento sustentável regional. Serão apresentados e comercializados diversos produtos artesanais, agroecológicos e da economia solidária, sem perder de vista a diversidade, riqueza cultural e alimentos livres de agrotóxicos, envolvendo o público e os sujeitos que dão sentido ao trabalho e missão da instituição, como agricultores/as familiares, mulheres, jovens, crianças, comunicadores/as, educadores/as e técnicos/as.

Durante a programação também aconteceu o Seminário de avaliação anual da Educação do Campo contextualizada com o objetivo de avaliar os principais resultados e dificuldades no trabalho com a Educação do campo nos municípios, a partir do trabalho com a ficha pedagógica, dialogando e buscando coletivamente soluções para a melhoria e mudanças sociais com a metodologia participativa. A metodologia utilizada foi a participativa com dinâmicas de grupos, partindo dos conhecimentos que as pessoas trazem, com leituras, debates, planejamento, seguindo os passos metodológicos do Conhecer, Analisar e Transformar a realidade.

Ainda na programação teve um importante mesa de debate sobre identidade com o Prof.Dr.Eduardo Miranda, com o tema ”Corpo-território e descolonialidade no semiárido baiano, com a mediação e coordenação do Prof. Jorge Nery. O professor Eduardo Miranda, contou um pouco da alegria em ser convidado pelo MOC para participar de um debate tão importante. ” Então, receber o convite do MOC é gratificante, porque o MOC me torna o sujeito que pode estar dialogando com as experiências dos professores da educação básica, eu que sou professor da educação superior pra mim é muito relevante, interessante e existe uma lacuna que precisa ser preenchida e que as experiências dos professores da educação básica fomentam a constituição da minha docência. E dialogar com professores do semiárido, discutindo descolonialidade, discutir sobre corpo e território e a partir disso ver como eles estão pensando e se articulando para existir e resistir na educação básica do semiárido, quem sai daqui ganhando sou eu, foi isso que falei para eles, eu não vim trazer conhecimento, eu não vim fazer uma palestra, eu vim pra uma roda de diálogo para trazer algumas perspectivas, mas que só fazem sentido a partir do momento que eles compreendem e que eles conseguem trazer para identidade deles e para os territórios deles”, finalizou Eduardo Miranda.

Durante o ciclo também aconteceu o Encontro de Saberes: afirmação da identidade rural e resistência no campo, com os Representantes Sociais, Agricultores/as familiares, Educadores/as e Parceiros Institucionais, para Refletir e debater a identidade rural e a concepção da produção associada, além de promover a integração e troca de experiências de saberes e fazeres entre os agricultores e agricultoras familiares e também construir estratégias de afirmação da identidade, resistência e resiliência no campo.

A agricultora Zélia Oliveira, do município de Biritinga, falou um pouco da importância em participar do ciclo e de como esses espaços transformaram a sua vida. “Esse ciclo é muito importante porque aqui é onde a gente aprende, e o MOC pra mim é uma família, o MOC hoje é realidade da minha vida, através do MOC que organizei minha identidade, meu pedaço de chão, organizei nas experiências que tive durante esses anos com o MOC, também na vida social e principalmente na política, minha base hoje da política eu agradeço ao MOC”, frisou Zélia.

O ciclo teve ainda uma cultural com o cantor Marcos Heynna, foi uma noite linda de encontro e de muita felicidade. A festa reuniu o público do evento bastante empolgado e diversificado.

Criado em 1967, o Movimento de Organização Comunitária - MOC é uma organização não governamental que surgiu com o objetivo de organizar as comunidades carentes de Feira de Santana. No decorrer da década de 1970, o foco de atuação se deslocou para as comunidades rurais do Semiárido baiano, especialmente na Região Sisaleira. Hoje, presente nos Território do Sisal, Bacia do Jacuípe e Portal do Sertão, busca pelo desenvolvimento sustentável desenvolvendo ações de fortalecimento da sociedade civil, da agricultura familiar, dos direitos de mulheres, homens, jovens, crianças e adolescentes, da educação do campo, da comunicação comunitária e do acesso à água, agroecologia e alimentação saudável.

 

Texto: Alan Suzart

Comunicação do MOC