Relatório de Atividades Anual do MOC 2011

30/08/2017

O MOC e a Erradicação da Pobreza Extrema 

O Governo Dilma, em bom momento, declara ao país que meta sua fundamental e essencial será aquela da erradicação da pobreza extrema no país. 

Meta ousada, num país de tamanha desigualdade e cuja estrutura existente em nada ajuda a dividir a renda, criar oportunidades para todos e todas, implementar a justiça. Ao contrário, tudo fala e se expressa em termos de desigualdades e injustiças, desde o nascimento das pessoas, umas cercadas de todas as condições de vida e de luxo e outras até mesmo sem acesso aos hospitais públicos, passando pelas outras oportunidades de vida: escola, educação, moradia, renda, terra. 

O MOC, nos seus quarenta e cinco anos de vida sempre primou por buscar a justiça, as condições de vida digna para todas as pessoas e, por isso mesmo, sempre pautou suas ações pela perspectiva de organizar as pessoas para que elas, deste modo, possam buscar e concretizar seus direitos. 

A história do MOC, deste modo, sempre se pautou e se pauta pela erradicação da pobreza e pelo crescimento da cidadania. 

Seus programas expressam bem concretamente esta busca: O Programa de Comunicação busca a democratização da comunicação e o encarar deste processo enquanto um direito. Surgem assim rádios comunitárias, pequenos jornais, crianças realizam processos de comunicação, radio/postes e outras e outras maneiras através das quais a comunicação deixa de ser propriedade de um grupo privilegiado na sociedade, para ser direito de todos/as. A nosso ver, esta é uma maneira de erradicar a pobreza. 

 O Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar atua na perspectiva de construir, com os agricultores e agricultoras familiares, um processo de assistência técnica que garanta: assistência técnica agroecológica, acesso ao crédito, beneficiamento da produção e acesso a mercado, com ênfase no mercado institucional. Os relatos deste relatório mostram o significado desta caminhada e o significado da mesma para a erradicação da pobreza. Mostra efetivamente que a valorização e a viabilização da agricultura familiar, com ações conjuntas, é chave na erradicação da pobreza. O Programa de Água e Segurança Alimentar caminha na mesma perspectiva, ao atuar no semiárido da Bahia na perspectiva de dotar as famílias de água potável de qualidade para consumo humano e de água para a produção de alimentos. O Programa de  

Gênero, busca organizar as mulheres, especialmente as rurais, na perspectiva da superação do machismo, da dupla jornada e de outras questões estruturais que as massacram e tornam objeto, tornando-as sujeitos de sua historia econômica, social e política. O Programa de Juventude, por sua vez, organiza os jovens para que ocupem seus espaços nos municípios, interfiram nas políticas, tornando o ambiente do semiárido espaço digno de vida para todos especialmente os jovens. O Programa de Educação , por sua vez, quer construir uma política pública de educação que respeite e valorize a realidade do campo e dela parta para a construção do conhecimento, construindo conhecimentos e saberes que contribuam para o desenvolvimento da região. Assim, quer construir uma educação contextualizada.    

Com este conjunto de ações e programas o MOC projeta a cada ano, sementes e frutos da erradicação da pobreza, enfatizando que as pessoas devem ser sujeitas de seus destinos e de suas histórias e não pura e simplesmente beneficiárias de ações, sejam elas oriundas de quaisquer fontes que sejam. 

O MOC sempre acreditou e acredita que a história pode ser mudada, que a justiça pode florescer que o mundo pode ser de todos e de todas, que todas as pessoas constroem conhecimentos e são sujeitos de suas histórias. Por isso que nos seus quarenta e cinco anos de vida sempre investiu nas pequenas coisas, nas ações miúdas, no conhecimento das comunidades para a solução dos seus problemas e rechaçou as grandes obras, nas quais os pequenos sempre se tornam mais marginalizados. 

Deste modo, no momento em que muitas das ações que sempre implementou são anunciadas enquanto políticas, o MOC não pode deixar de se alegrar. 

Contudo, fiel aos seus princípios de ser propositivo e crítico, o MOC lamenta que nas políticas de erradicação da pobreza não conste a reforma agrária e a regularização das terras das comunidades tradicionais, não constem elementos mais significativos de caráter estruturante que marquem uma mudança mais radical das orientações de Governo para a erradicação da pobreza. 

Deste modo, ao lado de vibrar e apoiar determinadas ações continuará lutando e desempenhando nosso papal crítico de sociedade civil, na linha do efetivo combate a pobreza.    

  



Naidison de Quintella Baptista 
Secretário Executivo do MOC


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