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MOC apela à prefeitura por envio de recursos do decreto de emergência aos produtores rurais de Feira de Santana
18/11/2024
Em meio ao decreto de situação de emergência devido à estiagem em Feira de Santana, agricultores da extensa zona rural do município aguardam assistência urgente.
A presidente do Movimento de Organização Comunitária (MOC), Conceição Borges, chama a atenção para a demora nas ações públicas e alerta que a situação dos produtores familiares da região é cada vez mais crítica.
“Em maio, quando já sentíamos a falta de chuva, percebemos que não teríamos colheita”, conta Borges.
Desde então, os produtores enfrentam uma escassez crescente de recursos, afetando severamente o cultivo e a criação de animais. Para Conceição, que também é agricultora familiar e residente no distrito de Tiquaruçu, o momento exige medidas rápidas e eficazes.
“Estamos vivendo uma falta intensa de água, falta de alimento, e mais uma perda. Quem vive na zona rural e é agricultor sabe que agora estaríamos produzindo a safra de caju”, explica a presidente do MOC, destacando que o fruto é uma importante fonte de renda para muitas famílias.
“Neste ano, não temos essa safra. Perdemos a renda do caju, da castanha, do umbu”, lamenta.
A estiagem tem castigado Feira de Santana há décadas e, segundo dados do último Censo Demográfico, dos 618 mil habitantes do município, cerca de 51 mil residem na zona rural, representando 8,3% da população. São famílias que dependem da agricultura familiar e, em tempos de estiagem, ficam sem alternativas de renda e enfrentam a escassez de alimentos e insumos.
Apesar do decreto de emergência, as ações prometidas para aliviar a situação dos produtores ainda não foram implementadas. Entre as necessidades mais urgentes, Conceição aponta a distribuição de cestas básicas e de ração para os animais.
“Não há mais pastagem e também não há dinheiro para garantir alimento para os animais. Estamos falando de pequenos animais, que são os que colocam comida na mesa das nossas famílias”, destaca.
A dirigente recorda ainda que, no primeiro semestre do ano, buscou discutir o tema na Câmara de Vereadores, onde apresentou a situação em uma audiência pública. Na ocasião, segundo ela, o secretário de Agricultura do município, Alexandre Monteiro, rebateu o apelo, insinuando que havia motivações eleitorais.
“Não é necessário avisar o poder público. É responsabilidade do município estar presente, especialmente na zona rural”, defende Borges.Em meio à crise, os agricultores aguardam uma resposta concreta do governo municipal. Conceição enfatiza que é crucial que o poder público cumpra seu papel de garantir o apoio mínimo a essas comunidades.
Além das ações emergenciais, como a distribuição de cestas básicas, é essencial que o governo planeje e implemente estratégias de longo prazo, especialmente em um contexto de mudanças climáticas que agravam a frequência e intensidade das estiagens.
Para que as comunidades rurais se tornem mais resilientes, é urgente promover práticas sustentáveis que permitam a convivência com o semiárido, como técnicas de captação e armazenamento de água, fortalecimento da resiliência hídrica e segurança alimentar dos agricultores familiares.
Políticas públicas voltadas à adaptação e mitigação dos impactos climáticos garantem que essas famílias possam viver com dignidade, sem depender exclusivamente de auxílios emergenciais, transformando a realidade rural de forma sustentável e autônoma e reduzindo os impactos das estiagens futuras.
“Estamos aqui, esperando uma resposta para esse momento crítico da agricultura familiar na zona rural de Feira de Santana”, conclui a presidente do MOC.