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Às margens do Rio São Francisco, nos municípios de Piranhas (AL) e Canindé de São Francisco (SE), o X Encontro Nacional da Articulação Semiárido Brasileiro (EnconASA) reuniu, entre os dias 18 e 22 de novembro, cerca de 700 participantes para discutir justiça socioambiental e democracia participativa. O evento marcou os 25 anos da ASA e foi guiado pelo tema "Semiárido Vivo: por justiça socioambiental e democracia participativa", unindo celebrações, reflexões e propostas de futuro.

Naidison Baptista, coordenador nacional da ASA, destacou o simbolismo do reencontro após oito anos:
"Hoje, o Semiárido não é mais sinônimo de morte e migração, mas de luta e vida. Precisamos ir além: cisternas, bancos de sementes e quintais produtivos são conquistas, mas ainda é necessário ampliar nossa convivência sustentável com o Semiárido."

Desafios e Propostas para o Semiárido Sustentável

O encontro, realizado em um contexto de reconstrução das políticas sociais no Brasil e de enfrentamento às mudanças climáticas, abordou três eixos fundamentais:

1. Reforma Agrária:
   A ASA reforçou que o acesso à terra é crucial para agricultores e agricultoras familiares. Segundo Naidison:
   "Sem terra, não é possível armazenar água, produzir alimentos ou criar animais. A reforma agrária é essencial para garantir dignidade às famílias no Semiárido."

2. Saneamento e Reuso de Água:
   Foi proposta a criação de um programa que integre saneamento básico ao reuso de água para a produção de alimentos.
   "Em um território onde a água é escassa, reutilizá-la de forma eficiente é essencial. Queremos transformar essas experiências exitosas em políticas públicas."

3. Energia Renovável e Democrática:
   A ASA apresentou o programa "Um Milhão de Tetos Solares", que incentiva a geração descentralizada de energia solar em residências, igrejas, cooperativas e centros comunitários, beneficiando diretamente as comunidades e reduzindo a dependência de grandes corporações.

   "Esses espaços podem ser produtores de energia limpa, fortalecendo a autonomia local e contribuindo para um Semiárido sustentável."

Educação, Inclusão e Resistência Cultural

A defesa de uma educação contextualizada, que valorize a realidade do Semiárido, foi outro destaque do evento. Além disso, o protagonismo de jovens, mulheres e populações historicamente excluídas, como a comunidade LGBTQIA+, foi enfatizado:
"Desconstruir preconceitos é essencial para construir um Semiárido inclusivo e justo."

A programação cultural, rica em apresentações de música, dança e outras manifestações artísticas, reforçou o espírito de celebração dos 25 anos da ASA como um marco de resistência e esperança.

O Legado do X EnconASA

O evento reafirmou o compromisso coletivo de transformar o Semiárido em um território de justiça e prosperidade. Renovados na luta por políticas públicas inclusivas e sustentáveis, os participantes saíram do encontro com a certeza de que o Semiárido é, acima de tudo, um lugar de vida, resistência e transformação.