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Participando sem medo de ser mulher
20/10/2011
Teve início hoje e segue até amanhã a Conferencia Interterritorial de Políticas para as Mulheres, com participação de mulheres dos territórios Portal do Sertão, Sisal e Bacia do Jacuípe.
Uma mesa feminina de abertura saudou as centenas de mulheres, que hoje tiveram que acordar ainda mais cedo para juntas lutarem por uma sociedade mais justa, onde as mulheres sejam reconhecidas de fato e de direito. Este ano, a conferência está sendo ainda mais especial para as mulheres, pois em maio de 2011 o Governo do Estado da Bahia atendeu a uma antiga reivindicação das mulheres baianas, criando a secretaria de política para as mulheres (SPM) que tem a frente Vera Lúcia, militante do Movimento Sem Terra e moradora de um assentamento no município de Eunapólis.
A secretária destacou que desde a criação, a SPM tem como programas prioritários o enfrentamento à violência contra a mulher e o estímulo à autonomia. “Esta secretaria é uma conquista de todas as mulheres baianas. Nós estamos fazendo um esforço tremendo, assumimos em maio e tivemos três grandes desafios pela frente que foi a construção do nosso PPA, e nós conseguimos incluir dois programas que nós definimos como prioridades da nossa secretaria que é o combate a violência contra a mulher que tem crescido muito e a inclusão produtiva da mulher, pois nós trabalhadoras rurais sabemos o quanto é importante nós termos o nosso dinheiro no bolso, conquistando a nossa autonomia e saindo desse ciclo de violência”, disse Vera Lúcia.
A palestra magna da conferência foi proferida pela professora da Universidade Federal da Bahia, Sônia Jay Wright que refletiu com as participantes o tema Autonomia social, econômica, política e cultural das mulheres: desafios para a construção da igualdade de gênero. Sônia destacou que no decorrer da história as mulheres eram privadas de participar de espaços de discussão por consideram que as mesmas eram apenas emoção e não razão. Porém, a história também tem mostrado a força da organização dessas mulheres, tendo inclusive uma representante na presidência da república. Apesar dos avanços, ainda existem alguns desafios. São eles: mudar as estruturas de subordinação das mulheres; propor ações afirmativas para acelerar a integração das mulheres e acesso aos recursos políticos, financeiros, culturais, etc; reconhecimento das mulheres como sujeito político; visbilidade das mulheres nas esferas públicas e desconstrução dos estereótipos de distorções das mulheres na mídia, sociedade e política.
Educadora do município de Riachão do Jacuípe, Jucelma Santos afirma que a conferência é uma oportunidade das mulheres lutarem por um espaço mais democrático. “Eu acredito que a luta não pára na conferência, ela está apenas começando”, conta à educadora que está participando das discussões do eixo temático Educação Inclusiva.
Integrante do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Serrinha e da Rede de Produtoras da Bahia, Rosenaire de Jesus Oliveira já participou de diversas conferências e considera o espaço uma oportunidade das mulheres exporem seus anseios e suas lutas. “É um espaço participativo no qual podemos colocar o que nós buscamos para os nossos municípios e comunidades, relatando nossas lutas para que as mulheres possam ocupar outros espaços”.
Cultura- O primeiro grupo cultural a se apresentar durante a Conferência Interterritorial foi o grupo Rosas Vivas, do assentamento de Rose, município de Santa Luz. Criado há seis anos, o Rosas Vivas é coordenado por Maria José, que aos 56 anos de idade viaja pelos territórios cantando e dançando sambas criados pelo próprio grupo. “Eu me sinto tão feliz, uma criança, quando estou me apresentando. É muito bom sambar e ao mesmo tempo resgatar a nossa cultura”, conta Maria José.
Amanhã a programação da conferência segue com apresentação dos trabalhos dos eixos temáticos e escolhas das delegadas que participarão da etapa estadual que acontece no final do mês de outubro em Salvador.
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