Compartilhando saberes para um sertão mais justo

25/11/2011

Diversos agricultores e agricultoras acordaram mais cedo e seguiram viagem para Feira de Santana onde participaram nos dias 24 e 25 de novembro do Encontro de Agricultores/as Experimentadores/as, promovido pela Articulação no Semi-Árido Brasileiro no Estado da Bahia (ASA Bahia). Na bagagem, trouxeram muitas experiências de convivência com o semiárido. Tecnologias simples que estão transformando a vida do homem e da mulher do sertão.

Moradora da zona rural do município de Remanso, a agricultora Ornelina Marina Alves Neta viajou 12 horas para participar do encontro. Casada e mãe de duas meninas, Dona Ornelina conta que a vida da família mudou para melhor depois que recebeu a cisterna de produção do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2). “Hoje eu tenho quatro canteiros na minha propriedade e são desses canteiros que sai a alimentação da minha família, garantindo uma comida de saudável na mesa. O que sobra das hortaliças, vendo para os vizinhos e também na feira livre da cidade, ganhando um dinheirinho que ajuda a comprar a roupa, o calçado”, disse a agricultora.

Quem também passou a ter uma alimentação saudável foi o agricultor de Ipirá Seu Bernadino Ferreira Silva. Apesar de ter recebido a cisterna há pouco tempo, ele conta que já está produzindo bem e dividindo a produção com os filhos que moram próximo da sua casa. “Hoje eu planto quiabo, alface, cebolinha, coentro. Nunca mais comprei galinha de granja porque agora tenho uma criação de galinha caipira. Minha área de terra é pequena mas produz muito”, revela Seu Bernadino que diz guardar a água da cisterna de produção porque possui uma pequena agudada próxima de casa.

Troca de experiência – Encontros como esse são excelentes oportunidades dos agricultores e agricultoras contarem um pouco de suas experiências no dia a dia. “Através desse encontro nós descobrimos que sempre é possível aprender mais e compartilha o que sabemos também, nos qualificando cada vez mais para a convivência com o semiárido”, afirma o agricultor Antônio Celestino do município de Paratinga.

“É através desses encontros e dos intercâmbios que nós temos a oportunidade de conhecer coisas novas e ver o que é possível de aplicar na nossa propriedade”, ressalta Dona Ornelina.

No primeiro dia do encontro, os participantes trocaram experiências sobre a produção de alimentos, criação de animais e sementes. Em seguida, os grupos levantaram os principais avanços e desafios nos programas e projetos, como a segurança hídrica e alimentar, geração de renda, bancos de sementes comunitários, dificuldades em acessar os mercados institucionais e certificação da produção orgânica.

Políticas Públicas – No segundo dia de atividades, com a coordenação do técnico Welligton Oliveira, foi feito um debate sobre as políticas públicas existentes no Estado voltadas para o fortalecimento da agricultura familiar. Os participantes destacaram o Programa Nacional de Alimentação Escolar e o Programa de Aquisição de Alimentos, que tem contribuído com a segurança alimentar das comunidades e estimulando a organização e produção. A agricultora Maria da Glória, do município de Santa Luz, participa de uma associação comunitária que hoje fornece hortaliças, biscoitos e beijus para a CONAB. “Depois que a minha comunidade recebeu as cisternas de produção, nós produzimos mais e conseguimos fornecer para a CONAB”.

Apesar de fortalecer a agricultura familiar, os participantes disseram que ainda existem muitas dificuldades em trabalhar com o PAA, como adquirir o selo da agricultura familiar e atender às exigências da Vigilância Sanitária. Welligton da Silva reforçou a necessidade dos agricultores se organizarem, participando de cooperativas, associações e sindicatos para fortalecer as políticas públicas existentes e pautar a criação de outras na perspectiva da convivência com o semiárido.

Ao final do encontro, foram construídos painéis com sugestões de como fortalecer o intercâmbio de experiências, como fortalecer as ações da ASA Bahia e como se organizar para conquistar as políticas públicas para o semiárido.





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