MOC promove audiência pública em Santaluz sobre educação contextualizada e resiliência climática

11/08/2025
MOC promove audiência pública em Santaluz sobre educação contextualizada e resiliência climática

Na última quinta-feira (07), o município de Santaluz foi palco de uma Audiência Pública sobre Educação Contextualizada e Resiliência Climática, promovida pelo Movimento de Organização Comunitária (MOC) em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e a sociedade civil organizada. A ação integra o projeto “Edu-CATivando na Caatinga – Fortalecimento da resiliência das comunidades afetadas no bioma Caatinga na região semiárida da Bahia”, realizado pelo MOC em parceria com a KNH e o governo alemão, por meio do BMZ. A iniciativa busca fortalecer comunidades rurais do bioma Caatinga, com foco especial em crianças, jovens e suas famílias, protegendo-as dos impactos das mudanças climáticas no Semiárido baiano.

A atividade foi organizada pela Coordenação Municipal dos Projetos CAT – Conhecer, Analisar e Transformar a realidade do campo e Baú de Leitura, como parte das ações do Projeto EDU-CATivando na Caatinga, que desenvolve diversas frentes voltadas para a preservação ambiental e valorização do bioma Caatinga.

O encontro teve como objetivo refletir sobre a crise socioambiental e discutir a importância da Educação Contextualizada como estratégia para reduzir danos e promover a convivência sustentável com o Semiárido. Entre os temas abordados estiveram a construção de currículos adaptados à realidade local, o incentivo à implantação de hortas escolares e comunitárias, o plantio de árvores frutíferas, o cuidado com a água e a destinação adequada dos resíduos, além da valorização e do conhecimento do bioma Caatinga.

De acordo com Vera Carneiro, coordenadora do Programa de Educação do Campo Contextualizada (PECONTE), como encaminhamento da audiência a Secretaria Municipal de Educação se comprometeu a criar estratégias para implantar a Educação Contextualizada em todas as escolas do campo, da alfabetização ao 9º ano. A gestão municipal, com apoio do MOC e de outras parcerias, também irá contribuir com ações de recaatingamento, implantação de hortas, cuidado com a água e melhorias na gestão de resíduos. Para ela, o momento foi fundamental para aproximar governo e sociedade civil na busca por soluções diante da crise climática.

A audiência foi presidida pela vereadora Josenane Lopes e contou com a presença dos vereadores Arivan (Vanvam do Mucambinho) e Paulo Crespo; da secretária de Educação, Marli Nunes; de representantes da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente; do presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais, José Hamilton; do Conselho Municipal de Educação; da APLB; do presidente do MOC, Edisvânio Nascimento; do professor Jorge Nery, da UEFS; além de lideranças, professores, estudantes e equipe do MOC.


A Audiência foi marcada também por depoimentos emocionantes, com muitas memórias afetivas expostas pelos participantes do evento, muitos deles, de pessoas que integraram ou ainda integram o projeto CAT e ex-alunos do projeto. Um exemplo marcante foi a fala do vereador Arivan (Vanvam), que relembrou com a voz embargada e muito emocionado a importância que o projeto teve para sua formação. Ele afirmou: “A minha história de vida, e o que sou hoje, se deve muito ao CAT, às belas histórias que eram contadas durante as aulas pelo Professor Machado. O Senhor não faz ideia do quanto me ajudou na construção da minha formação, através das histórias que o senhor contava, as quais, com muito carinho ainda as guardo na minha memória. Só tenho a agradecer ao Projeto CAT e em especial ao Senhor, Professor Machado, por tudo que aprendi, e pelo muito do que me tornei. Assim, posso dizer também, que o MOC traz na minha vida, marcas maravilhosas que contribuíram e continuem para que eu possa seguir acreditando que sempre podemos mais.”

Para a secretária de Educação, Marli Nunes, a Audiência foi um momento muito oportuno e importante para que “pudéssemos ouvir as diversas vozes da Sociedade Civil que se fez presente, os diversos depoimentos que ressaltaram a importância de levarmos a sério a Educação Contextualizada e comprometida com o meio ambiente. E tenho certeza que Dr. Arismário (prefeito), vai acolher todas as propostas e com certeza, vamos potencializar a Educação do Campo em Santaluz.”

De acordo com o presidente do MOC, Edisvânio Nascimento, “a audiência foi um momento de muita riqueza, onde pudemos testemunhar a linda história e a grandeza do CAT e do Baú de Leitura, assim como suas valiosas contribuições para a comunidade de Santaluz. Esse certamente é um grande diferencial do MOC, pois cada projeto e cada intervenção que realizamos nos municípios é sempre pautada em um olhar cuidadoso para a realidade local, no compromisso profundo com a formação e a educação das pessoas. Nosso papel vai muito além de executar ações pontuais; consiste em contribuir de forma contínua com os processos de articulação, provocação, mobilização e envolvimento das comunidades, visando o fortalecimento social e a promoção de mais qualidade de vida para todos e todas”, ressaltou o Presidente do MOC. 

Além dos debates, a audiência contou com a exposição de trabalhos produzidos por escolas do campo, realizados por crianças e professoras, evidenciando a valorização do Semiárido, do bioma Caatinga, do cuidado ambiental e da leitura contextualizada. A atividade reafirmou o papel da Educação Contextualizada como ferramenta essencial para formar gerações capazes de viver, cuidar e transformar o Semiárido, construindo comunidades mais resilientes diante das mudanças climáticas.


Quando falamos em Educação do Campo Contextualizada e Resiliências Climáticas, estamos falando diretamente do cuidado com o meio ambiente, especialmente com o nosso bioma Caatinga, que é fundamental para a sobrevivência e o bem-estar das populações do Semiárido. Cuidar do bioma, cuidar do meio ambiente, é garantir água, alimento, equilíbrio climático e saúde para as presentes e futuras gerações. É pensar em sustentabilidade de forma ampla, integrada e transformadora. Essa audiência reafirmou para nós que a construção de resiliência não se dá apenas por meio de políticas públicas ou projetos isolados, mas por meio da união de esforços entre governo, instituições, organizações sociais e a própria comunidade, com diálogo aberto e participação ativa. É esse processo que fortalece a identidade cultural, o conhecimento tradicional e científico, e que promove a autonomia das pessoas para enfrentar os desafios das mudanças climáticas. O MOC segue firme na missão de apoiar essa transformação, fortalecendo saberes, valorizando a cultura local e promovendo ações que inspirem esperança, cuidado e resistência nas comunidades do Semiárido.