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MOC marca presença no 13º Congresso Brasileiro de Agroecologia com protagonismo, saberes e resistência no Semiárido
23/10/2025
O
Movimento de Organização Comunitária (MOC) teve uma participação expressiva e
plural no 13º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), realizado em Juazeiro
(BA), entre os dias 14 e 17 de outubro. O evento, que pela primeira vez
aconteceu no Semiárido brasileiro, reuniu milhares de pessoas, entre
agricultoras e agricultores familiares, pesquisadores, educadores, povos e
comunidades tradicionais, organizações da sociedade civil e representantes de
políticas públicas comprometidos com o fortalecimento da agroecologia e da
convivência com os territórios.
Com o tema “Agroecologia, Convivência
com os Territórios Brasileiros e Justiça Climática”, o congresso foi um marco
histórico para o Semiárido, promovendo trocas de saberes e reafirmando a
agroecologia como caminho de resistência, cuidado e futuro sustentável.
“A convivência e a agroecologia não são
dádivas, são conquistas”, destacou Naidison Quintela Baptista, educador,
ex-diretor do MOC e uma das principais referências da convivência com o
Semiárido, durante a abertura do Congresso.
Em sua fala, Naidison lembrou que este
é um congresso histórico, o primeiro realizado no Semiárido e em profunda
parceria com a ASA e outras organizações do território:
“O Congresso é um congresso especial.
Ele, primeiro, é o primeiro Congresso de Agroecologia realizado no Semiárido. O
primeiro que é realizado em profunda parceria com a ASA e com outras organizações
do Semiárido.
Mas ele é, antes de tudo, o congresso da diversidade. Ele reúne pesquisadores,
ele reúne professores, ele reúne agricultores experimentadores, ele reúne
agricultores que escreveram suas experiências. Então, ele reúne um conjunto
imenso de saberes.
Ele reúne indígenas, são mais de 40 etnias presentes nesse congresso. Reúne
quilombolas, reúne comunidades de fundo e fecho de pasto.
A diversidade é imensa, a riqueza incomensurável. E é isso que nos dá força:
produzir mais conhecimento, não para ficar engavetado, mas para mudar nosso
mundo, para mudar nossa realidade. Esse é o objetivo do Congresso. Por isso
estamos aqui.”
Participação
ativa do MOC em painéis, oficinas e seminários
Durante os quatro dias de evento, a equipe do MOC integrou diversos espaços de
debate, diálogo e articulação política, reafirmando o compromisso da
organização com a agroecologia, a justiça climática e o bem viver no Semiárido.
Painel
5 – Problematizando os nexos entre crise climática e a atual conformação do
sistema agroalimentar: um olhar a partir do Brasil
O debate trouxe reflexões sobre os impactos da crise climática e as
alternativas agroecológicas como caminhos de resistência e soberania alimentar.
Painel
7 – Sistemas produtivos agroecológicos em tempos de crise climática:
potencialidades e desafios
O MOC contribuiu com reflexões sobre as experiências agroecológicas no
Território do Sisal, destacando a diversidade, adaptabilidade e resiliência dos
sistemas produtivos familiares.
Oficina
de Recaatingamento
Promovida pelo IRPAA e parceiros, reafirmou o compromisso com o cuidado
ambiental e o fortalecimento das práticas de reflorestamento e manejo
sustentável da Caatinga — ações nas quais o MOC tem longa trajetória de
atuação.
Oficina
sobre as Cadernetas Agroecológicas
Um espaço potente de valorização do trabalho e da autonomia das mulheres
rurais, fortalecendo a economia solidária e o reconhecimento da contribuição
feminina nos sistemas agroalimentares.
Seminário
Estadual de Agroecologia, Produção Orgânica e Combate à Fome
Com moderação de Célia Santos Firmo, coordenadora geral do MOC e integrante da
Coordenação do Fórum Baiano da Agricultura Familiar (FBAF), o seminário
discutiu estratégias e políticas públicas que promovem soberania alimentar,
produção sustentável e combate à fome.
Seminário
ATER Mulher: Construindo políticas públicas para a autonomia das mulheres
rurais e de povos e comunidades tradicionais no Brasil
O espaço destacou o papel transformador das mulheres na construção de políticas
públicas e na implementação de práticas agroecológicas que promovem autonomia,
equidade e sustentabilidade.
Pesquisas
e experiências do MOC são apresentadas no Congresso
O MOC apresentou diferentes trabalhos e experiências que expressam a força das
comunidades do Semiárido e da educação contextualizada:
Edu-Cativando
na Caatinga: cartografia participativa e justiça climática em territórios do
Semiárido baiano
De autoria de Benicio Abel Leão, Elderney Souza, Maiane Figueiredo e Célia
Firmo, o trabalho integrou o eixo “Justiça Climática, Agroecologia e
Transformação dos Sistemas Agroalimentares”.
A pesquisa destacou práticas que unem educação ambiental crítica, cartografia
participativa e agroecologia como ferramentas de leitura e ação sobre o
território.
A experiência
evidencia como as comunidades vêm fortalecendo o recaatingamento, a resiliência
climática ? e a justiça
socioambiental, reafirmando o protagonismo popular frente aos desafios da
desertificação e das desigualdades territoriais.
Ana Dalva, colaboradora do MOC, apresentou três trabalhos técnicos que reforçam o compromisso da organização com o fortalecimento da agricultura familiar e a convivência com o Semiárido:
·
Ater
Agroecológica e Convivência com o Semiárido: uma experiência nos territórios da
Bacia do Jacuípe e Sisal – BA
·
Trajetórias
agroecológicas e políticas públicas para a convivência com o Semiárido: o caso
de Pé de Serra – BA
·
Construção
coletiva do conhecimento agroecológico na comunidade Lagoa Escura: uma
experiência de pesquisa-ação no Território do Sisal – BA, em coautoria com
Mateus Jonnei
Esses trabalhos refletem o compromisso
do MOC em articular ciência, saber popular e políticas públicas voltadas para a
sustentabilidade, o fortalecimento das comunidades e a justiça social.
Vozes
que ecoam do Semiárido
Durante o congresso, Kamile Vitória, jovem comunicadora e integrante da
juventude do MOC, representou as juventudes do território e destacou a
importância desse espaço formativo:
“Tamos aqui hoje no 13º Congresso de
Agroecologia. Estou aqui representando um encontro, sobretudo, do território e
dos semiáridos baianos. Este é um espaço muito importante para falar sobre a
questão de gênero, de igualdade racial e sobre o Semiárido.
É um momento muito enriquecedor e, por isso, estamos aqui, escolhendo estar
presentes neste espaço de formação e, sobretudo, resistência nos Semiáridos da
Bahia.
Eu, enquanto juventude do MOC, me sinto muito feliz de estar ocupando esse
espaço, porque nele a gente pode construir coletivamente com as pessoas, tanto
os povos originários quanto outras pessoas que compõem a sociedade.
Por isso, para mim, é muito enriquecedor, e eu carrego uma bagagem muito grande
desse evento enquanto formação cultural e pessoal.”
No Dia Mundial da Alimentação, o MOC
também participou do Ato em Defesa da Alimentação Saudável, da Água e da Terra,
reafirmando seu compromisso com a soberania alimentar e a agroecologia como
direito de todos.
“O MOC se junta a milhares de
organizações da agricultura familiar e da agroecologia de todo o Brasil nesse
dia tão importante. Aqui estamos participando de diversos espaços, conhecendo
experiências de diferentes organizações e finalizando com o nosso grande ato um
ato em defesa da alimentação, da água e da vida”, destacou Célia Firmo, coordenadora
geral do MOC.
Homenagem
que floresce na história da agroecologia
Durante a Assembleia da ABA-Agroecologia, o educador Naidison Quintela
Baptista, ex-diretor executivo do MOC e referência nacional na luta pela
convivência com o Semiárido, foi homenageado por sua trajetória inspiradora.
Sua caminhada, marcada pela defesa das causas populares, da educação crítica e
da inclusão social, segue germinando em cada comunidade que acredita no bem
viver e na justiça social.
Bahia
em destaque: experiências que inspiram o Brasil
No terceiro dia do congresso, o Fórum Baiano da Agricultura Familiar (FBAF), em
parceria com a Articulação de Agroecologia da Bahia (AABA), a ASA Bahia e o
Governo do Estado da Bahia/Bahiater, lançou a coleção “Experiências da
Agricultura Familiar da Bahia”.
O MOC participou dessa celebração que evidencia as práticas agroecológicas,
feministas e sustentáveis construídas coletivamente no Semiárido, fortalecendo
a Terra Agroecológica e a Terra Mulher como símbolos de resistência e vida.
Rede
ATER Nordeste de Agroecologia
Durante o 13º CBA também foi realizado o lançamento dos Cadernos da Rede ATER
Nordeste de Agroecologia. Os materiais são resultado de um amplo processo de
pesquisa, sistematização e incidência política desenvolvido no âmbito do
projeto “Cultivando Futuros: transição agroecológica justa em sistemas
alimentares do Semiárido brasileiro”, e um dos estudos de caso foi realizado
pelo MOC.
As publicações reúnem 12 estudos de caso realizados nos territórios de atuação
das organizações integrantes da Rede, presentes em seis estados nordestinos —
Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. O foco é
fortalecer ações de incidência política e propor transformações estruturais nos
sistemas alimentares do Brasil e da Alemanha, promovendo o intercâmbio de
saberes entre os dois países.
O MOC também participou da atividade
autogestionada da Rede ATER Nordeste durante o 13º CBA. A ação integrou o
projeto “Cultivando Futuros”, uma experiência de monitoramento participativo de
políticas públicas que impactam diretamente a agricultura familiar e os
sistemas alimentares no Semiárido.
O Cultivando Futuros é uma realização da AS-PTA, da Rede ATER Nordeste de
Agroecologia e da organização de cooperação internacional Pão para o Mundo
(Brot für die Welt), com financiamento do Ministério Federal da Agricultura,
Alimentação e Identidade Regional da Alemanha (BMLEH).
Um
congresso que semeia futuro
O 13º CBA foi um marco para o Semiárido e para o MOC, reafirmando a
agroecologia como caminho de resistência, cuidado e futuro.
Com cada oficina, debate, ato e pesquisa, o MOC segue construindo, junto a
tantos parceiros e comunidades, um território mais justo, sustentável e
solidário.
Agroecologia é resistência. É cuidado. É futuro.