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Consolidação de estratégia para incidência política de Agroecologia no Semiárido marca finalização do projeto Cultivando Futuros
02/12/2025
A
finalização do ‘Cultivando
Futuros: transição agroecológica justa nos sistemas alimentares do Semiárido
brasileiro’ não podia ser diferente da sua trajetória ao longo dos
últimos dois anos. Entre os dias 26 e 28 de novembro, a Rede ATER Nordeste de
Agroecologia realizou o seminário final do projeto e reuniu mais uma vez
sociedade civil e poder público pelo fortalecimento da incidência política da
Agricultura Familiar e da Agroecologia na região. Desta vez, em Campina Grande
(PB).
Na
última quarta-feira (26/11), primeiro dia do seminário, a programação contou
com um carrossel de experiências de incidência política nos territórios de
atuação da Rede, que sistematizam o contexto do projeto, seguido de duas mesas
de diálogo. Uma delas composta por representações do Governo Federal, que
trouxeram suas impressões sobre o Cultivando e o atual momento da Rede.
Silvio
Porto, diretor de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab), fez a primeira fala da mesa e ressaltou a “riqueza de
detalhes dos processos de incidência e seus resultados” apresentados na
dinâmica do carrossel. Para ele, a experiência do Cultivando Futuros faz parte
do “acúmulo” da construção de 20 anos da Rede ATER Nordeste de Agroecologia.
“O que
vocês estão mostrando é que, se tiver recursos, é possível garantir que os
processos de formação e de construção das políticas aconteçam. Para mim, fica
muito evidente a percepção de que a grande chave (do projeto) foi mudar a lente
do olhar para os territórios, essa foi a grande mudança. Mapear o fluxo dos
alimentos que são produzidos e comercializados no território e os que chegam de
fora é um exemplo”, avalia o diretor.
E complementa: “Essa é a contribuição do Cultivando no sentido do monitoramento. Mas, a capacidade de incidência política, o processo de promover sistemas alimentares por meio da Agroecologia, é um acúmulo da Rede que vem sendo construída há 20 anos”.

Fotos: Helena Dias/Rede ATER Nordeste de Agroecologia
Já
Márcia Muchagata, gerente de Projeto da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar
e Nutricional (Sesan) do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social,
Família, e Combate à Fome (MDS), observa que o Cultivando e a atuação da Rede
ATER dialogam com o atual contexto de crise climática. “(As experiências) ao
mesmo tempo que acontecem nos lugares onde a sociedade está mais organizada,
também ajuda a sociedade a se fortalecer”, afirma.
Márcia diz que as redes de organizações de Agroecologia e o governo têm trabalhado como “mão dupla”, se fortalecendo mutuamente. “As experiências trazem esses sistemas alimentares e, principalmente, como que a gente os torna mais resilientes, frente ao processo de mudança climática que a gente tá vivendo. Vocês mostraram muito claramente a importância das políticas públicas quando falam muito em PAA, PNAE, Programa Cisternas, Quintais Produtivos e etc”, explica e lembra a importância das organizações fazerem suas ações dialogarem com o Marco de Sistemas Alimentares e Clima para Políticas Públicas.

Fotos: Helena Dias/Rede ATER
Nordeste de Agroecologia
No
mesmo passo, Francisco Mariano, assessor da Gerência de ATER, Formação e
Qualificação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural
(ANATER), conta que a agência “tem muitos aprendizados” com a Rede.
“A
apresentação mostrou que vocês não estavam preocupados somente se aquela
atividade seria realizada, mas sim quais resultados eram esperados e quais
estavam alcançando. Então, a gente tem muito o que aprender e construir nessa
metodologia de monitoramento que vocês trazem pra nós”, ressalta.
Por
último, Patrícia Tavares, secretária-executiva da Comissão Nacional de
Agroecologia e Produção Orgânica (CNAPO), reforçou o papel do Cultivando
Futuros para a Rede ATER Nordeste de Agroecologia.
“Talvez,
o projeto conseguiu sistematizar e potencializar essa trajetória da Rede,
mostrar como que a gente acopla esse componente da incidência política como
algo definido dentro de uma ação e de fato consegue fazer transformações a
partir do acúmulo, da trajetória que a gente já vê acontecendo nos
territórios”, analisa.
“E daí
ver como isso faz diferença na vida das pessoas, nas tecnologias e tudo mais”,
complementa.
O
seminário final do ‘Cultivando Futuros: transição agroecológica justa nos
sistemas alimentares do Semiárido brasileiro’ reuniu mais de 60 pessoas
participantes do projeto, integrantes das 12 organizações da Rede ATER Nordeste
de Agroecologia, presentes em seis estados nordestinos: Bahia, Ceará, Paraíba,
Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. A experiência do projeto foi
sistematizada na coleção de cadernos “Estações de Monitoramento de Políticas
Públicas no Semiárido Brasileiro”, que pode ser acessada no acervo da Rede aqui
no site.
Mais informações sobre o evento, você pode conferir no Instagram da Rede: @redeaterneagroecologia
Texto:
Helena Dias, do Coletivo de Comunicação da Rede ATER Nordeste de Agroecologia