Pesquisa estuda e analisa proposta político pedagógica do Projeto CAT

14/03/2014

Luziane Amaral de Jesus tem 28 anos e é estudante e também pesquisadora. Esta semana ela comemora com alegria a sua aprovação na Universidade Estadual de Feira de Santana pela defesa da dissertação do mestrado:Gênero ficha pedagógica na escola: diálogo e transformação sociocultural. O seu objeto de pesquisa foi o Projeto Conhecer Analisar e Transformar (CAT) e suas ações em comunidades rurais do município de Riachão do Jacuípe.


O envolvimento de Luziane com as questões sociais vem desde a adolescência enquanto participante da paróquia da Igreja de Todos os Santos em Feira de Santana. Foram lá os seus primeiros contatos com os grupos de jovens e também onde conheceu pela primeira vez o trabalho do Movimento de Organização Comunitária (MOC). Foi nessa época que ela conheceu também alguns técnicos/as da entidade e também participou dos cursos que eram oferecidos, como os cursos sobre as relações de gênero e radiodifusão. Nesse primeiro momento, enquanto público do MOC seu contato com a educação do campo e com o CAT ainda não existia. Ele veio surgir anos mais tarde quando tornou-se aluna do curso de Letras com Espanhol da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).


Foi durante a graduação que ela se encantou pelas obras de Paulo Freire e também onde firmou a vontade de estudar e interagir com as iniciativas de educação do campo. Através do contato com as professoras Carla Luzia Carneiro, Francisca Baptista e Nelmira Moreira Luziane passou a conhecer mais sobre a proposta do Projeto Conhecer, Analisar e Transformar (CAT) e decidiu que queria estudá-lo na perspectiva acadêmica. Foi então que escolheu o município de Riachão do Jacuípe e algumas de suas comunidades, devido à proximidade de Feira de Santana e também ser um dos municípios pioneiros no desenvolvimento da proposta do Projeto que têm 18 anos de trabalho.

O período de iniciação científica durou de 2009 à 2011 e foi nessa época que ela pôde perceber a fundo a proposta do Projeto CAT, enquanto uma proposta político pedagógica das escolas do campo, construída de forma coletiva, com a participação das escolas, alunos/as e comunidades. Nesse momento, ela comenta que o que mais a chamou atenção foi o compromisso político e a vontade dos professores. “ Quando cheguei em Riachão do Jacuípe pude ver as limitações nas estruturas das escolas. Muitas contavam apenas com as salas de aula, que tinham um quadro e as carteiras. Mas, diante disso, havia o comprometimento político e a vontade dos professores de trabalharem e de fazer acontecer. Foi ai que eu vi que a proposta do CAT realmente acontece e é vivenciada de modo concreto por todos os sujeitos que participam.”, diz.


Outro ponto que Luziane relata que marcou muito durante o seu processo de pesquisa foi perceber a participação das comunidades e o desenvolvimento dos alunos/as. “Percebi a diferença das crianças do CAT, de outras com quais já trabalhei em outros espaços. São crianças desinibidas, participativas, seguras e confiantes para falar o que pensam. Há também a forte relação dos alunos/as com os professores. Na proposta do CAT o professor conhece e participa da vida do aluno. Sabe da sua história e como é a sua vida.”, completa

Quando concluiu a graduação em 2011, a pesquisadora partiu em seguida para o desafio do mestrado. Nesse processo ela deu continuidade aos seus estudos na perspectiva do Projeto CAT, mais especificamente na análise da ficha pedagógica.

Nesse aspecto, ela vivenciou as intervenções do projeto no dia a dia das escolas e comunidades. Desde as questões de identidade quanto, às questões culturais e sociais. Ela percebeu como é importante a participação de todos os sujeitos e como a transformação acontece na prática. “A gente vai percebendo que as mudanças trazidas através da fichas pedagógicas ultrapassam os muros da escola. Quando os alunos falam que antes os pais não colaboravam com a natureza, mas que hoje é diferente, contam que os pais tem essa preocupação de preservar e cuidar do meio ambiente. Isso é a transformação. Daí se dá a importância do resgate cultural e da figura do professor nesse processo de construção coletiva e participativa.”, diz.

Para Luziane a dinâmica metodológica do CAT contribui para o fortalecimento da educação do campo. No sentido das pessoas se reconhecerem parte do lugar e valorizarem o campo enquanto um lugar viável e possível. Faz as pessoas perceberem que não é mudando de lugar que se muda de vida, contribui para a formação política e para as pessoas buscarem a mudança da condição social.

Após a apresentação da dissertação do mestrado ela diz que o próximo passo é dar continuidade aos trabalhos e estudos com CAT, seja através do doutorado, ou até mesmo na sua contribuição enquanto pesquisadora para continuar dando vida ao projeto. “ Só tenho a agradecer, pois conhecer e pesquisar o CAT contribui tanto para a minha formação como pessoa, como também enquanto profissional”, conclui.



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