Famílias agricultoras surpreendem na 2ª Feira da Agricultura Familiar de Retirolândia

29/09/2014

Após 10 anos o município de Retirolândia realizou sua segunda feira com agricultores e agricultoras familiares. Uma festa só! Momento de muita esperança também, pois para cada agricultor e agricultora presente na feira idealizada pelo Movimento de Organização Comunitária – MOC, FATRES, Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Secretaria de Assistência Social, vêem o evento como o espaço fundamental para valorizar as várias famílias produtoras que o município tem atualmente. 
 
A abertura aconteceu no dia 25 (segunda-feira) à noite com a participação de representantes de entidades locais além de apresentações culturais da comunidade de Lagoa Grande, com a Dança do Coco. No dia 26 a feira começou logo pela manha e se estendeu até às 16:00 horas, quando agricultores/as colocaram seus produtos à venda. Cenoura, beterraba, coentro, alface, abóbora, couve, tomate, pimenta e tantas outras verduras e hortaliças, bem como beiju recheado, caldos, salgados, bolos foram comercializados na feira. Paralelo ao evento aconteceram também oficinas sobre fundo rotativo, linhas de crédito e organização produtiva e comercialização, onde além dos agricultores e agricultoras,  estudantes e público em geral puderam participar das atividades.  
 
Segundo Tainá de Lima Matos, técnica do MOC e integrante da comissão organizadora, a feira contou com a visita de mais de 600 pessoas que puderam ver de perto que o município de Retirolândia tem um grande potencial. “Nós temos o artesanato do sisal que já é um marco no nosso município, temos famílias agricultoras que produzem hortaliças, graças às tecnologias de segunda água, faz com que hoje tenhamos agricultores e agricultoras para comercializar na feira livre tradicional. Até porque eles precisam ter o escoamento dos produtos. Então a feira vem num momento oportuno para que a população veja esses agricultores e que eles sejam valorizados, além de consumirem produtos sem nenhum tipo de agrotóxico”, ressalta a técnica.
 
A 2ª feira possibilitou grande oportunidade para a venda de peças artesanais para o grupo de Flávia Lima, da comunidade de Alecrim, que participava pela primeira vez: “Nós somos um grupo pequeno vendemos na comunidade mesmo, mas está aqui hoje é reconhecer outros como nós que estamos começando também. A ajuda dessas entidades para nós é muito gratificante, hoje com certeza possibilitou nos mostrar e dizer que nós estamos aqui”. 
 
A agricultora Beatriz Souza, da comunidade de Sítio Cruzeiro, município de Retirolândia, comenta: “Está participando da feira é uma grande oportunidade pra nós que estamos iniciando essa experiência de grupo de produção e é muito bom ver nosso beiju sendo vendido e aprovado pelos clientes. E ainda ter um dinheiro a mais a gente só tem a ganhar”. enfatiza.
 
Muitas pessoas visitaram a feira, uma delas foi à consumidora Maria Elisa, do município de Retirolândia: “A feira foi muito bonita e acima de tudo um espaço muito bom pra divulgar os agricultores daqui de Retiro. Eu acho que essas pessoas precisam estar na feira no sábado para nós compramos daqui mesmo esses produtos”, diz Elisa.
 
O diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar de Retirolândia, Arnalda Carneiro, ressalta que a feira mostrou para a população de Retirolândia que o local tem agricultores com grandes potencialidades. “Tem gente que não sabia e não conhecia o artesanato, as hortaliças e nós estamos provando que tudo é possível, inclusive a força das mulheres que são muito criativas. Outro ponto muito positivo da feira é a autonomia desses agricultores e muitos deles estão tendo a sua primeira vez com vendas e tudo isso é um grande poder de comercialização”, conclui Arnaldo. 
 
O fortalecimento da Economia Solidária
A feira é um espaço importante para o fortalecimento da agricultura familiar e economia solidária. No Território do Sisal e Bacia do Jacuípe, semiárido baiano, as Feiras já estão consolidadas nos municípios de Serrinha, Barrocas, Araci, Quinjingue e Riachão do Jacuípe, e em processo inicial de organização nos municípios de Retirolândia, Conceição do Coité, Santa Luz, Ichu e Pé de Serra. 

Articular agricultores e agricultoras com suas produções nas feiras agroecológicas é acima de tudo promover a autonomia e o desenvolvimento sustentável para o semiárido além de promover a economia solidária.

Sobre o assunto, Arnaldo Carneiro, afirma: “A economia solidária no município fortalece muito com os produtos da agricultura familiar e não só o Sindicato, mas o poder publico precisa ter um olhar diferente, é preciso investir porque a gente vê que dá certo”.   
 
Oficinas na feira agroecológica 
Paralelo à feira aconteceram também oficinas temáticas. Cerca de 80 pessoas participaram das oficinas que foram ministradas no auditório do Sindicato. Segundo Tainá, a proposta sugerida pela comissão é dá  oportunidade para que agricultores e participantes em geral possam adquirir informações e conhecimentos nas áreas de fundo rotativo, linhas de créditos e organização produtiva e comercialização. 

Para Ivamberg Carneiro, técnico do MOC, que facilitou a oficina sobre fundo rotativo, ressaltou que: “Ter oficinas nessas áreas de interesse dos agricultores é uma boa oportunidade. E diante disso falar de fundo rotativo é levar um pouco mais de conhecimento às famílias, uma vez que 25 famílias do município de Retirolândia foram beneficiadas com o projeto Cabra Escola e a oficina se dá pra explicar como irá funcionar o fundo rotativo do projeto dos animais”, completa o técnico.
 
O fortalecimento da Agricultura Familiar é uma dos principais objetivos para dá visibilidade ao semiárido e fazer com que os/as agricultores/as planejem e façam funcionar suas propriedades, melhorem o desenvolvimento sustentável além de assegurar uma alimentação saudável, os meios de comercialização e gestão dos recursos naturais.


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